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Funções reprodutivas femininas

 

 

O papel reprodutivo da mulher é muito mais complexo que o do homem. Não apenas ela deve produzir gametas funcionais, mas seu corpo deve se preparar para proteger, sustentar e nutrir um embrião em desenvolvimento, além de propiciar a amamentação ao recém-nascido.

Assim, as principais funções do aparelho reprodutor feminino são: 

  1. produzir gametas femininos (ovócitos secundários), processo denominado ovogênese;
  2. produzir hormônios sexuais que controlam órgãos do aparelho reprodutor e têm influência sobre outros órgãos do corpo;
  3. manter o óvulo fecundado durante seu desenvolvimento completo ao longo das fases embrionária e fetal até o nascimento.

 

Ovogênese

 

Na mulher, diferentemente do homem, a produção ovariana de células germinativas ocorre somente na vida intrauterina. Seu número se reduz ao longo da fase reprodutiva e cessa com a menopausa. 

Ao fim do primeiro mês de vida embrionária, uma pequena população de células germinativas primordiais (2n) migra do saco vitelino até os primórdios gonadais, onde as gônadas estão começando a se desenvolver. Nas gônadas, essas células se dividem e se  transformam nas ovogônias, que são equivalentes às espermatogônias dos testículos. A divisão é tão intensa que, no segundo mês de vida intrauterina, há cerca de 600 mil ovogônias e, em torno do quinto mês, o ovário fetal possui cerca de 6 milhões de ovogônias. Ao nascimento, esse número cai para aproximadamente 1 milhão de células germinativas. Com a menarca, os ová­rios têm apenas 400.000 dessas células e deste ponto até a menopausa, apenas 400 a 500 atingirão desenvolvimento pleno. As demais degeneram, ou seja, sofrem atresia

Ainda na fase embrionária, as ovogônias aumentam de tamanho e entram na prófase I da primeira divisão meiótica, diferenciando-se, assim, em ovócitos primários ou ovócitos I (2n). Porém, o processo meiótico no ovócito I é interrompido ainda no estágio na prófase I, e o ovócito permanece neste estágio da divisão celular até o início da maturação ovocitária na puberdade. Assim, ao nascimento, os ovócitos primários (2n) encontram-se em prófase I. 

A partir da puberdade, os hormônios gonadotróficos secretados pela adenohipófise estimulam o recomeço da ovogênese mensalmente. A meiose I recomeça em vários ovócitos primários, embora em cada ciclo apenas um folículo ovariano normalmente alcance a maturidade necessária para ovulação. O ovócito primário diploide (2n) completa a meiose I, resultando em duas células haploides de tamanhos desiguais, ambas com 23 cromossomos e duas cromátides cada uma (células haploides, com cromossomos ainda duplicados – nd). A célula maior, conhecida como ovócito secundário, recebe a maior parte do citoplasma; a célula menor, chamada de primeiro corpo polar, recebe muito pouco citoplasma, é não funcional e logo degenera.

Assim que um ovócito secundário é formado, inicia a segunda divisão meiótica, que progride até a metáfase II, quando a divisão é interrompida. O folículo no qual esses eventos estão ocorrendo – o folículo maduro (ou de Graaf) – logo se rompe e libera seu ovócito secundário (parado em metáfase II da meiose), um processo conhecido como ovulação (ver foliculogênese em Ovários).

Se um espermatozoide penetra nesse ovócito II, a segunda divisão meiótica é completada e novamente maior parte do citoplasma é mantida em uma célula, o óvulo fecundado (ou fertilizado). A outra célula, o segundo corpo polar, é uma célula também pequena, não funcional, que logo se degenera. Essa meiose irregular garantirá um gameta com maior quantidade de nutrientes.

 

Ovogênese.

 

Ovócito secundário

 

O ovócito secundário é uma célula grande (comparada ao espermatozoide) e imóvel. Ele é circundado pela zona pelúcida e uma camada de células foliculares – a corona radiata (ou coroa radiada). O ovócito possui também um abundante citoplasma contendo os grânulos de vitelo, os quais fornecem nutrição para o zigoto em divisão durante a primeira semana do desenvolvimento. Os grânulos corticais contêm proteases liberadas durante a fertilização, que induzem uma mudança nas propriedades da zona pelúcida que a torna impermeável a outros espermatozoides (para maiores detalhes, ver Fecundação).

 

Ovócito secundário.

 


OBS.:

A zona pelúcida é composta por três glicoproteínas ( ZPA, ZPB, ZPC), que formam uma rede de filamentos com  múltiplos poros.  A ligação do espermatozoide à zona pelúcida (interações espermatozoide-ovócito) é um evento crítico e complexo durante a fecundação.


 

Regulação hormonal das funções reprodutivas femininas

 

Como mencionado anteriormente, tanto nos  homens  como  nas  mulheres, a função das gônadas é regulada pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal, cuja atividade varia ao longo da vida. A adenohipófise das meninas, como a dos meninos, não secreta praticamente nenhum hormônio gonadotrópico até a puberdade. Entretanto, por essa época e sob o estímulo do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) do hipotálamo, a adenohipófise começa a secretar os dois hormônios gonadotrópicos (gonadotropinas). No inicio, secreta principalmente o hormônio folículo-estimulante (FSH), que inicia a vida sexual na menina em crescimento; mais tarde, secreta o hormônio luteinizante (LH), que auxilia no controle do ciclo menstrual.

FSH  inicia o crescimento folicular, causando proliferação das células foliculares ovarianas, estimulando a secreção de estrogênio e levando os folículos ovarianos a crescer e desenvolver.

LH  estimula ainda mais o desenvolvimento dos folículos ovarianos, aumentando a secreção de estrogênio pelas células foliculares (células da granulosa), além de estimular: (1) a produção de androgênios pela teca interna (ver foliculogênese em Ovários); (2) a secreção de inibina pelas células foliculares; (2) a ovulação; (3) a secreção de progesterona, estrogênio, relaxina e inibina pelo corpo lúteo.

Esses hormônios gonadotrópicos também induzem o crescimento do endométrio.

 

Hormônios sexuais femininos

 

Os principais hormônios sexuais femininos, estrogênio (ou estrógeno) e progesterona, são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios gonadotrópicos da adenohipófise: FSH e LH. Como a testosterona, principal hormônio androgênico produzido pelos testículos, e os hormônios do córtex adrenal, os hormônios ovarianos são também esteroides sintetizados a partir do colesterol. Esses hormônios ovarianos são responsáveis pelo desenvolvimento sexual da mulher e pelo ciclo menstrual, além de afetarem o comportamento sexual e uma variedade de outras funções não reprodutivas.

 

Estrogênios (estrógenos)

 

Os principais estrogênios presentes na mulher são estradiol, estriol e estrona. São produzidos pelas células da granulosa dos ovários, pelo corpo lúteo e pela placenta na gravidez (uma pequena quantidade de estrogênio também é produzida pela zona reticulada das adrenais). O estradiol é o estrogênio predominante em mulheres não grávidas durante os anos reprodutivos, tanto em termos de níveis séricos absolutos quanto em termos de atividade estrogênica. Durante a gravidez, esse papel muda para o estriol e, em mulheres na pós-menopausa, a estrona se torna a principal forma de estrogênio no corpo. Todas as diferentes formas de estrogênio são sintetizadas a partir de andrógenos, especificamente testosterona e androstenediona pela enzima aromatase.

Os estrogênios ainda podem ser derivados da conversão de androgênios pela enzima aromatase nos tecidos periféricos, incluindo tecido adiposo, músculos, coração, folículos pilosos e tecido ósseo. 

Apesar de incluírem compostos diversos, os estrogênios têm estruturas químicas muito semelhantes e apresentam a propriedade biológica comum de estimular o crescimento e a manutenção das características sexuais femininas. Por esse motivo, são considerados juntos como um único hormônio.

 


OBS.:

A aromatase é uma enzima  que catalisa a conversão de androstenediona em estrona e de testosterona em estradiol, atuando como controladora da taxa de biossíntese de estrogênios.


 

Os estrogênios secretados pelos ovários possuem efeitos fisiológicos não só sobre os órgãos reprodutivos, promovendo as características sexuais femininas, mas também sobre órgãos não reprodutivos, incluindo tecido adiposo, pele, ossos e coração, entre outros, como veremos a seguir.

Desenvolvimento e manutenção das características sexuais femininas. Na puberdade, os estrogênios produzem o desenvolvimento e o aumento dos órgãos sexuais femininos e o desenvolvimento das características sexuais secundárias (que diferenciam os homens das mulheres), que incluem: 

  • deposição de gordura nas mamas, no abdome, nos quadris, nos glúteos e nas coxas, o que é característico da aparência feminina;
  • uma pélvis ampla e o padrão de crescimento capilar na cabeça e no corpo;
  • aumento dos ovários, das tubas uterinas, do útero (aumento da musculatura lisa e desenvolvimento do endométrio), da vagina e da genitália externa (com depósito de gordura no monte pubiano e nos grandes lábios e aumento dos pequenos lábios);
  • desenvolvimento dos tecidos mamários com crescimento de um vasto sistema de ductos (além do depósito de gordura nas mamas).

 


OBS.:

Os estrogênios não afetam muito a distribuição de pelos. Entretanto, os pelos efetivamente desenvolvem-se na região pubiana e nas axilas após a puberdade. Os androgênios formados em quantidades crescentes pelas glândulas adrenais femininas após a puberdade são os principais responsáveis por isto.


 

Os estrogênios ainda alteram o epitélio vaginal de um tipo cuboide para um tipo estratificado, considerado mais resistente a traumas e infecções do que o epitélio das células cuboides pré-púberes. Infecções vaginais em crianças quase sempre podem ser curadas pela administração de estrogênios simplesmente por causa da maior resistência do epitélio vaginal resultante.

Síntese de proteínas. Os estrogênios causam um pequeno aumento na proteína corporal total, resultante principalmente do efeito promotor de crescimento que exercem nos órgãos sexuais, ossos e alguns outros tecidos do corpo. Entretanto seus efeitos são menos evidentes que os causado pela testosterona nos homens.

Metabolismo corporal e o depósito de gordura. Os estrogênios aumentam ligeiramente a taxa metabólica do corpo todo, mas apenas cerca de ⅓ a mais que o aumento causado pelo hormônio sexual masculino testosterona. Causam também depósito de quantidades maiores de gordura nos tecidos subcutâneos. Consequentemente, a porcentagem de gordura corporal no corpo da mulher é consideravelmente maior do que no corpo do homem, que contém mais proteína (além do depósito de gordura característico da aparência feminina nas mamas, nos glúteos e nas coxas).

Efeitos sobre a pele. Os estrogênios exercem muitos efeitos benéficos importantes na fisiologia da pele, tendo como alvo principalmente os queratinócitos e os fibroblastos. No geral, os estrogênios fazem com que a pele desenvolva uma textura macia e normalmente lisa, não apenas por melhorar o conteúdo e a qualidade do colágeno, mas também por aumentar a espessura e a vascularização da pele (o que muitas vezes está associado à pele mais quente e maior sangramento nos cortes superficiais do que se observa nos homens). Também aumentam as migrações dos queratinócitos nos processos de cicatrização de feridas. Os efeitos protetores desencadeados pelos estrogênios nas células da pele têm sido associados a seus efeitos antioxidantes.

Crescimento ósseo. Os estrogênios estimulam o crescimento de todos os ossos logo após a puberdade, por inibirem a atividade osteoclástica no tecido ósseo. Entretanto, os estrogênios têm um outro efeito potente sobre o crescimento esquelético: causam a união das epífises dos ossos longos. Este efeito dos estrogênios na mulher é bem mais forte do que o efeito semelhante da testosterona no homem. Consequentemente, o crescimento da mulher geralmente para muitos anos antes do crescimento do homem. 

 


OBS.:

Depois da menopausa, quase nenhum estrogênio é secretado pelos ovários. Essa deficiência leva a (1) uma maior atividade osteoclástica nos ossos, (2) diminuição da matriz óssea, e (3) menor depósito de cálcio e fosfato ósseos. Em algumas mulheres, esse efeito é extremamente grave, e a condição resultante é a osteoporose. 


 

Modulação do perfil lipídico e proteção cardiovascular. Níveis elevados de estrogênio circulante, em particular o estradiol, estão associados a perfis lipídicos favoráveis, por aumentar os níveis sanguíneos de lipoproteína de alta densidade (HDL) e diminuir os de lipoproteína de baixa densidade (LDL). Antes da menopausa, os níveis de LDL plasmático são mais baixos e os níveis de HDL são mais elevados nas mulheres em comparação com os homens da mesma idade. Os estrogênios são moduladores importantes do metabolismo lipídico, inflamação e homeostase vascular. Estrogênios endógenos contribuem para a baixa prevalência de doença aterosclerótica em mulheres com função ovariana intacta, e a cessação da produção de estrogênio após a menopausa aumenta o risco cardiovascular. Após a menopausa, os níveis de LDL aumentam, geralmente excedendo os de homens da mesma idade, com uma mudança para tamanhos de partículas menores, mais densos e potencialmente mais aterogênicos, e os níveis de HDL diminuem.

Retenção de sódio e água nos túbulos renais. O volume de fluido corporal e a regulação osmótica são afetados pelos estrogênios. Existe semelhança química entre hormônios estrogênicos e hormônios adrenocorticais. Os estrogênios, assim como a aldosterona e alguns outros hormônios adrenocorticais, causam retenção de sódio e água nos túbulos renais. Esse efeito dos estrogênios é normalmente brando e raramente tem significância, mas, durante a gravidez, a enorme formação de estrogênios pela placenta pode contribuir para a retenção de líquidos no corpo.

 

Níveis moderados de estrogênios no sangue inibem tanto a liberação do GnRH pelo hipotálamo quanto a secreção do FSH e LH pela adenohipófise.

 

Para maiores informações, consulte:

- BARTON, M. Cholesterol and atherosclerosis: modulation by oestrogen. Curr Opin Lipidol 2013; 24(3): 214-220.

- BORRÁS, C.; GAMBINI, J.; LÓPEZ-GRUESO, R.; PALLARDÓ, F.V.; VIÑA, J. Direct antioxidant and protective effect of estradiol on isolated mitochondria. Biochim Biophys Acta Mol Basis Dis 2010; 1802(1): 205-211.

- CURTIS, K.S. Estrogen and the central control of body fluid balance. Physiol Behav 2009; 97(2): 180-192. 

- DAMIANI, D.; DAMIANI, D. Manejo farmacológico da baixa estatura: o papel dos inibidores da aromatase. J Pediatr 2007; 83(5 Suppl): S172-177.

- MOREIRA, S.N.T.; DE LIMA; J.G.; DE SOUSA, M.B.C.; DE AZEVEDO, G.D. Estresse e função reprodutiva feminina.  Rev Bras Saude Mater Infant 2005; 5(1): 119-125.

- OLIVEIRA; J.; PERUCH, M.H.; GONÇALVES, S.; HAAS, P. Padrão hormonal feminino: menopausa e terapia de reposição. Rev Bras Anal Clin (RBAC) 2016; 48(3):198-210.

- SAVOIA, P.; RAINA, G.; CAMILLO, L.; FARRUGGIO, S.; MARY, D.; VERONESE, F.; GRAZIOLA, F.; ZAVATTARO, E.; TIBERIO, R.; GROSSINI, E. Anti-oxidative effects of 17 β-estradiol and genistein in human skin fibroblasts and keratinocytes. J Dermatol Sci. 2018; 92(1): 62-77. 

- WAJCHENBERG, B.L. Tecido adiposo como glândula endócrina. Arq Bras Endocrinol Metab 2000; 44(1): 13-20.

 

Progesterona

 

A progesterona tem pouco a ver com o desenvolvimento dos caracteres sexuais femininos, estando principalmente relacionada com a preparação do útero para a aceitação do embrião e à preparação das mamas para a secreção láctea

A progesterona coopera com os estrogênios para preparar e manter o endométrio para a implantação de um óvulo fertilizado e para preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Em geral, a progesterona aumenta o grau da atividade secretória das glândulas mamárias e, também, das células que revestem a parede uterina, acentuando o espessamento do endométrio e fazendo com que ele seja intensamente invadido por vasos sanguíneos; determina, ainda, o surgimento de numerosas glândulas produtoras de glicogênio. A progesterona promove também aumento da secreção pelo revestimento mucoso das tubas uterinas. Essas secreções são necessárias para nutrir o óvulo fertilizado e em divisão, enquanto ele passa pela tuba antes de se implantar no útero. Finalmente, a progesterona inibe as contrações do útero e impede a expulsão do embrião que se está implantando ou do feto em desenvolvimento.

Altas concentrações de progesterona inibem tanto a secreção de GnRH quanto a de gonadotropinas.

 

Inibina e ativina

 

A inibina é secretada pelas células da granulosa dos folículos em crescimento e pelo corpo lúteo, após a ovulação. Inibe a secreção de FSH e, em grau menor, de LH, contribuindo para a regulação da liberação de desses hormônios gonadotrópicos por retroalimentação (feedback) negativa na adenohipófise.

 


OBS.:

A produção de inibina pelas células da granulosa dos folículos maduros é regulada pelo FSH e LH, bem como, localmente por fatores do crescimento (epidérmico, transformador e semelhante à insulina) e hormônios (androstenediona e ativina). Os folículos pré-antrais secretam exclusivamente a inibina B, enquanto os pequenos folículos antrais secretam tanto a inibina B quanto a inibina A. Na prática clínica, a inibina B é um bom marcador de função das células da granulosa sob o controle do FSH, enquanto a inibina A é um marcador da função do corpo lúteo sob o controle do LH. 


 

A ativina é secretada pelas células da granulosa e sua produção modifica-se durante a foliculogênese (ver foliculogênese em Ovários). A ativina possui um importante papel no desenvolvimento folicular, controlando o crescimento e a diferenciação dos folículos ovarianos. Ela promove a proliferação das células da granulosa, bem como aumento do número de receptores FSH nessas células (tornando-as mais sensíveis ao FSH), e também modula a produção de esteroides pelas células da granulosa e da teca interna. No eixo hipofisário-ovariano, a ativina é um antagonista fisiológico da inibina e estimula especificamente a síntese e secreção do FSH pela hipófise.

 

Relaxina 

 

Durante cada ciclo mensal, uma pequena quantidade de relaxina é produzida pelo corpo lúteo. Ela relaxa o útero, inibindo as contrações do miométrio, o que teoricamente favorece a implantação de um óvulo fertilizado. Durante a gravidez, a placenta produz muito mais relaxina e continua a relaxar o músculo liso do útero. No final da gravidez, a relaxina também aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e pode ajudar a dilatar o colo do útero, facilitando o parto do bebê.

 

 

Ciclo reprodutivo feminino

 

 

Durante seus anos férteis, as mulheres não grávidas normalmente apresentam alterações cíclicas nos ovários e no útero. Cada ciclo leva aproximadamente um mês (média de 28 dias) e envolve tanto os eventos ovarianos relacionados com a produção de ovócitos quanto a preparação do útero para receber um óvulo fertilizado. O GnRH, o FSH, o LH e os hormônios ovarianos controlam os principais eventos. 

O GnRH é diretamente liberado em altas concentrações na adenohipófise, onde causa estímulo pulsátil sobre a secreção de FSH e LH. Então, o FSH e o LH agem nos ovários para estimular o desenvolvimento folicular e a ovulação, bem como a produção e a liberação de hormônios esteroides sexuais femininos. Assim, o ciclo ovariano compreende uma série de eventos que ocorrem nos ovários durante e após a maturação de um ovócito. 

O ciclo endometrial ou uterino, por sua vez, engloba a série de alterações no endométrio uterino para prepará-lo para a chegada e o desenvolvimento de um óvulo fertilizado, que irá se desenvolver lá até o nascimento. Se não ocorrer a fertilização, os hormônios ovarianos diminuem, provocando a degeneração da camada funcional do endométrio (menstruação). 

Desta forma, o termo ciclo reprodutivo feminino abrange os ciclos ovariano e endometrial (uterino ou menstrual), bem como as alterações hormonais que os regulam e as alterações cíclicas relacionadas às mamas e ao colo do útero.

 

Ciclo reprodutivo feminino.
Modificado de: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São Paulo, Ed Saraiva, 2002.

 

Ciclo ovariano

 

O termo ciclo ovariano refere-se aos eventos regulares (mudanças cíclicas) que ocorrem nos ovários das mulheres sexualmente maduras e não grávidas durante o ciclo reprodutivo feminino. O ciclo ovariano é melhor descrito considerando-se três fases distintas: 

  • fase folicular: desenvolvimento dos folículos ovarianos (foliculogênese);
  • fase ovulatória: ovulação;
  • fase lútea: formação do corpo lúteo.

 


OBS.:

Alguns autores consideram apenas 2 fases distintas no ciclo ovariano: a fase folicular (que engloba também a fase ovulatória) e a fase lútea.


 

Fase folicular

 

Durante cada ciclo, o FSH promove o crescimento de vários folículos primordiais. Entretanto, nos estágios finais de maturação, os folículos também requerem o LH. Lembrando que apenas um único folículo primário se desenvolve até se tornar folículo maduro (de Graaf) e se rompe na superfície do ovário, liberando seu ovócito secundário. Assim, a fase folicular consiste no desenvolvimento de vários folículos primordiais em um folículo maduro, pré-ovulatório ou de Graaf, normalmente selecionado para ovular (ver foliculogênese em Ovários). 

O crescimento do folículo primário até o estágio de folículo maduro é estimulado pelo FSH, pelo LH e pelos estrogênios produzido pelo próprio folículo. Tal crescimento é acelerado devido aos seguintes fatos:

  • o estrogênio secretado pelas células da granulosa as tomam mais sensíveis ao FSH (efeito de retroalimen­tação positiva, pois aumentam o número e a sensibi­lidade do receptor de FSH);
  • os FSH e os estrogênios aumentam a sensibilidade das células da teca interna ao LH;
  • o LH e os estrogênios estimulam a proliferação e a secreção hor­monal das células da teca interna.

 


OBS.:

As células da teca interna produzem androgênios, os quais, sob estímulo do FSH, são convertidos em estrogênios pelas células da granulosa. Além disso, aumenta gradualmente os receptores de LH nas células da granulosa. O estrogênio produzido pelas células da granulosa aumenta os receptores de LH nas células da teca interna. Consequentemente, as células da teca interna e as células da granulosa cooperam para produzir estrogênio, que, por sua vez, aumenta os receptores de LH nessas células.


 

Fase ovulatória

 

Por volta da metade do ciclo e sob influência do FSH e do LH, o folículo ovariano sofre um repentino surto de crescimento, produzindo uma saliência na superfície do ovário. Cerca de 12 a 24 horas antes da ovulação, ocorre um pico abrupto de secreção de LH em quantidades 6 a 10 vezes maiores do que o normal. Esse pico abrupto de LH é necessário para que ocorra a ovulação, pois sem ele o folículo não progride até a ovulação, mesmo com as altas quantidades de estrógenos que pro­duz. Em associação a esse pico abrupto de LH, as células da teca interna começam a secretar progesterona pela primeira vez. 

O pico do LH induz o ovócito primário a completar a primeira divisão meiótica para formar o ovócito secundário e o primeiro corpo polar imediatamente antes ou durante o processo de ovulação. Assim que o ovócito secundário é formado, inicia a segunda divisão meiótica, que progride até a metáfase II, quando as células da granulosa enviam outro sinal importante para o ovócito interromper a divisão. 

Além disso, o aumento repentino de LH desencadeia diversos eventos semelhantes à inflamação no folículo maduro. Esses acontecimentos resultam na ovulação:

  • o folículo aumenta devido ao edema;
  • a teca externa começa a liberar enzimas proteolíticas dentro do fluido folicular que quebram o tecido em torno do folículo ovariano, levando ao seu rompimento;
  • o ovócito secundário e algumas células foliculares circundantes são lentamente expulsos do ovário.

 

A expulsão do ovócito é o resultado da pressão intrafolicular e, provavelmente, da contração do músculo liso na teca externa devido à estimulação por prostaglandinas. 

 

Fase lútea

 

Pouco depois da ovulação, a produção folicular de estrogênio diminui, o folículo rompido colapsa, e o antro (ver foliculogênese em Ovários) se enche de sangue coagulado. Esse corpo hemorrágico é finalmente absorvido. As células da granulosa restantes aumentam de tamanho e, junto com as células da teca interna, formam uma nova glândula endócrina muito diferente, o corpo lúteo ou corpo amarelo, que começa a secretar progesterona (os níveis de progesterona tornam-se muito maiores do que antes da ovulação) e um pouco de estrogênio. 

Se não ocorrer a fecundação, o corpo lúteo começa a degenerar (luteólise) em cerca de 10-12 dias, sua secreção hormonal termina e os níveis de estrogênio e progesterona no sangue diminuem rapidamente, resultando na menstruação. Nesse caso, tudo o que permanece no final é uma cicatriz chamada de corpo albicante (corpo albicans ou corpo branco). Os últimos 2 ou 3 dias da fase lútea são referidos muitas vezes como fase luteolítica ou isquêmica. 

 


OBS.:

A luteólise refere-se ao processo de lise ou regressão do corpo lúteo, marcando o término do ciclo reprodutivo feminino. O processo envolve um declínio inicial da secreção de progesterona (luteólise funcional), seguido de alterações na estrutura celular, levando à involução gradual do corpo lúteo (luteólise estrutural ou morfológica) com a formação de uma pequena cicatriz de tecido conjuntivo conhecida como corpo albicante (corpo albicans ou corpo branco). 


 

Por outro lado, se o ovócito é fertilizado e uma gestação se desenvolve, a camada externa do embrião em desenvolvimento (trofoblasto) começa a secretar um hormônio semelhante ao LH, a gonadotrofina coriônica humana (HCG), que que evita que o corpo lúteo se degenere até que a placenta esteja pronta para assumir suas tarefas de produção de hormônios, em cerca de três meses. Como resultado, os níveis sanguíneos de estrogênio e progesterona não diminuem, e a menstruação não ocorre. 

 

Variação hormonal durante o ciclo ovariano.
Figura: Variação hormonal durante o ciclo ovariano. E2 = estrogênio; P4 = progesterona. Traduzido e modificado de: SENGER, P.L. Pathways to Pregnancy and Parturition. 3rd Edition. Redmon (Illinois)/USA, Current Conceptions Inc., 2012.

 

Retroalimentação (feedback) negativa e positiva 

 

Regulação por feedback do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano em mulheres.
Figura: Regulação por retroalimentação (feedback) do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano em mulheres. Os efeitos estimulatórios são indicados pelo sinal de mais, e os efeitos inibitórios são indicados pelo sinal de menos. Os estrogênios e a progesterona exercem tanto efeitos do feedback positivo quanto negativo na adenohipófise e no  hipotálamo, dependendo do estágio do ciclo ovariano. A  inibina tem efeito de feedback negativo na adenohipófise, enquanto a ativina tem efeito oposto, estimulando a secreção de FSH pela adenohipófise. GnRH= hormônio liberador de gonadotropinas; FSH= hormônio folículo-estimulante; LH= hormônio luteinizante; SNC=sistema nervoso central. Modificado de: HALL, JOHN E. Guyton & Hall Tratado De Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio De Janeiro, Ed. Elsevier, 2017.

O GnRH é diretamente liberado em altas concentrações na adenohipófise, onde causa estímulo pulsátil sobre a secreção de FSH e LH. Então, o FSH e o LH agem nos ovários para estimular o desenvolvimento folicular e a ovulação, bem como a produção e a liberação dos hormônios sexuais femininos. Todavia, o eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano é regulado através de retroalimentação negativa e positiva pelo estradiol, progesterona, inibinas e ativina. Tanto a progesterona quanto o estradiol atuam no hipotálamo e na hipófise, enquanto as inibinas e a ativina atuam em nível da adenohipófise. As contribuições desses hormônios ovarianos variam de acordo com o estágio do ciclo ovariano. 

Durante a fase folicular, o folículo dominante produz altas concentrações de estradiol e de inibina. À medida que aumentam, as concentrações de estradiol atuam sobre o hipotálamo e a hipófise, estimulando a secreção de LH que, por sua vez, estimula o desenvolvimento folicular, induz a ovulação e diminui a secreção de FSH pela adenohipófise. O pico de LH que ocorre na metade do ciclo resulta da retroalimentação positiva do estradiol sobre o hipotálamo e a adenohipófise (após exposição a níveis crescentes de estradiol). Em associação a esse pico abrupto de LH, as células da teca interna começam a secretar progesterona pela primeira vez, a qual também exerce efeito de retroalimentação positiva, aumentando a liberação do GnRH do hipotálamo e aumenta a sensibilidade da hipófise ao GnRH. 

Paralelamente, os níveis de inibina aumentam durante a fase folicular e diminuem imediatamente antes (inibina B) ou no dia (inibina A) do pico de LH e FSH, com a ocorrência de um breve pico 2 dias após a ovulação. A seguir, a concentração cai brevemente antes de aumentar e atingir um nível máximo durante a metade da fase lútea.

Após a formação do corpo lúteo, os níveis de progesterona tornam-se muito maiores do que antes da ovulação, e algum estrogênio é produzido. O aumento da progesterona e do estrogênio tem efeito de retroalimentação negativa sobre a liberação de GnRH do hipotálamo. Como resultado, a secreção de LH e FSH da adenohipófise diminui. O estrogênio e a progesterona também causam uma diminuição dos receptores de GnRH na adenohipófise, tornando as células da adenohipófise menos sensíveis ao GnRH. Devido à diminuição da secreção de GnRH e à diminuição da sensibilidade da adenohipófise a ele, a taxa de secreção de LH e FSH cai para níveis muito baixos após a ovulação.

 

Ciclo endometrial (uterino ou menstrual)

 

Associado à produção cíclica mensal de estrogênios e progesterona pelos ovários, temos um ciclo endometrial ou uterino (mais conhecido como ciclo menstrual), que opera por meio dos seguintes estágios: 

  1. proliferação do endométrio uterino: fase proliferativa, folicular ou estrogênica;
  2. desenvolvimento de alterações secretoras no endométrio: fase secretora, lútea (luteal) ou progestacional;
  3. descamação do endométrio, que conhecemos como menstruação: fase menstrual.

 

Fases do cilo endometrial.
Figura: Fases do crescimento endometrial e da menstruação durante cada ciclo sexual mensal feminino. Fonte: HALL, JOHN E. Guyton & Hall Tratado De Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio De Janeiro, Ed. Elsevier, 2017.

 


OBS.:

Alguns autores consideram uma quarta fase, a fase pré-menstrual ou isquêmica, que compreende o período de queda das concentrações dos hormônios ovarianos, quando a camada superficial do endométrio perde seu suprimento sanguíneo normal e a mulher está prestes a menstruar. Dura cerca de 2 a 3 dias, podendo ser acompanhada por dor de cabeça, dor nas mamas, alterações psíquicas, como irritabilidade e insônia (TPM ou tensão pré-menstrual). Esta fase seria correspondente aos últimos 2 ou 3 dias da fase lútea do ciclo ovariano, referida muitas vezes como fase luteolítica ou isquêmica. 


 

Fase proliferativa, folicular ou estrogênica

 

Após a menstruação, grande parte do endométrio foi descamada. Sob a influência dos estrogênios, secretados em grande quantidade pelos folículos ovarianos, as células do estroma e as células epiteliais do endométrio proliferam rapidamente. A superfície endometrial é reepitelizada de 4 a 7 dias após o início da menstruação.

Em seguida, antes de ocorrer a ovulação, a espessura do endométrio aumenta bastante, devido ao crescente número de células estromais e ao crescimento progressivo das glândulas endometriais e novos vasos sanguíneos no endométrio. 

Na época da ovulação, as glândulas endometriais, especialmente as da região cervical, secretam um muco fino e pegajoso. Os filamentos de muco efetivamente se alinham ao longo da extensão do canal cervical, formando canais que ajudam a guiar o espermatozoide na direção correta da vagina até o útero. 

 

Fase secretora, lútea (luteal) ou progestacional

 

Com a formação do corpo lúteo após a ovulação, os níveis de progesterona tornam-se muito maiores do que antes da ovulação e algum estrogênio é produzido. A progesterona causa inchaço e desenvolvimento secretor acentuados do endométrio, enquanto os estrogênios causam leve proliferação celular endometrial adicional durante essa fase do ciclo. Um excesso de substâncias secretoras se acumula nas células glandulares dilatando seu lúmen, as células epiteliais começam a acumular glicogênio e lipídios e as glândulas aumentam em tortuosidade. Além disto, o fornecimento sanguíneo ao endométrio aumenta ainda mais, proporcionalmente ao desenvolvimento da atividade secretora e os vasos sanguíneos também ficam muito tortuosos. 

No pico da fase secretora, cerca de uma semana depois da ovulação, o endométrio alcança sua espessura máxima (cerca de 5 a 6 milímetros).

A finalidade geral dessas mudanças endometriais é produzir endométrio altamente secretor que contenha grande quantidade de nutrientes armazenados, o “leite uterino”, para prover condições apropriadas para a implantação do embrião nas fases iniciais do desenvolvimento (a implantação ocorre cerca de 7 ou 9 dias depois da ovulação, durante a fase secretora). Quando o embrião (no estágio de blastocisto) se implanta no endométrio, as células trofoblásticas (da camada externa do embrião em desenvolvimento) começam a digerir o endométrio e absorver as substâncias endometriais armazenadas, disponibilizando, assim, grandes quantidades de nutrientes para o embrião recém-implantado.

 

Fase menstrual

 

Se o óvulo não for fertilizado, cerca de dois dias antes do final do ciclo mensal,  o corpo lúteo no ovário subitamente involui cerca de 10 a 12 dias depois da ovulação. Em consequência, os níveis de estrógenos e, principalmente, progesterona diminuem rapidamente no sangue. Segue-se, então, a menstruação. 

O primeiro efeito é a redução da estimulação das células endometriais por esses dois hormônios, seguida rapidamente pela involução do endométrio para cerca de 65% da sua espessura prévia. Em seguida, durante as 24 horas que precedem o surgimento da menstruação, os vasos sanguíneos tortuosos, que irrigam a camada funcional do endométrio ficam espásticos (sofrem vasoespasmo ou vasoconstrição), o que resulta em bloqueio do fluxo de sangue, produzindo isquemia e causando morte (por necrose) das paredes das artérias, assim como das células da porção da camada funcional do endométrio irrigada por esses vasos. As artérias então se rompem após os locais de constrição e o sangramento começa. A maior parte da camada funcional do endométrio é também separada da mucosa e cai no lúmen uterino, fazendo parte do fluido menstrual. O resto do endométrio encolhe devido à perda de fluido intersticial. O vasoespasmo, a diminuição dos nutrientes ao endométrio e a perda de estimulação hormonal desencadeiam necrose no endométrio, especialmente dos vasos sanguíneos, produzindo perda de sangue (hemorragia), juntamente com as camadas superficiais do endométrio. A quantidade de endométrio e sangue perdida varia de uma mulher para outra, e até mesmo na mesma mulher em diferentes ciclos. 

As células do músculo liso do miométrio também são responsivas às alterações dos hormônios esteroides. Durante a menstruação, as contrações se propagam do fundo para o colo do útero, promovendo, assim, a expulsão do estrato funcional descamado do endométrio. 

 

Ciclo menstrual na prática

 

Como previamente mencionado, a duração média do ciclo reprodutivo feminino é de 28 dias, normalmente variando de 24 a 35 dias. Pode ser também curto como 20 dias ou longo como 45 dias em algumas mulheres, embora o ciclo de duração anormal esteja com frequência associado a menor fertilidade. Assim, consideraremos aqui um ciclo com duração de 28 dias.

Para finalidades práticas, considera-se o começo de um ciclo menstrual como o dia em que se inicia o sangramento menstrual (1º dia da menstruação). A fase menstrual do ciclo dura em média 3 a 5 dias. A fase seguinte do ciclo menstrual, a fase proliferativa, é seguida pela fase secretora. A duração da fase proliferativa é variável, em média 10 dias, enquanto a fase secretora ou lútea começa após a ovulação e dura aproximadamente 14 dias. 

 

Ciclo menstrual.
Fonte: KOEPPEN, B.M.; STANTON, B.A. Berne E Levy - Fisiologia. 7ª Ed. Rio De Janeiro, Guanabara Koogan, 2018.

 

A ovulação ocorre aproximadamente entre 12-24 horas após o pico de LH. No ciclo regular, o período de tempo a partir do pico de LH até a menstruação está constantemente próximo de 14 dias. Dessa forma, da ovulação até a próxima menstruação decorrem 14 dias.

 

Concentrações plasmáticas hormonais no ciclo menstrual.
Figura: Concentrações plasmáticas aproximadas de gonadotropinas e  hormônios ovarianos durante o ciclo sexual feminino normal. FSH=  hormônio  folículo-estimulante;  LH= hormônio luteinizante. Fonte: HALL, JOHN E. Guyton & Hall Tratado De Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio De Janeiro, Ed. Elsevier, 2017.

 

Apesar de em um ciclo de 28 dias a ovulação ocorrer aproximadamente na metade do ciclo, nas mulheres que têm ciclos regulares, não importa a sua duração, o dia da ovulação pode ser calculado como sendo o 14º dia ANTES do início da menstruação.

Generalizando, pode-se dizer que, se o ciclo menstrual tem uma duração de n dias, o possível dia da ovulação é n – 14, considerando n = dia da próxima menstruação.

 

Como saber o período fértil.

 

Exemplo: determinada mulher, com ciclo menstrual regular de 28 dias, resolveu iniciar um relacionamento íntimo com seu namorado. Como não planejavam ter filhos, optaram pelo método da tabelinha, onde a mulher calcula o período fértil em relação ao dia da ovulação. Considerando que a mulher é fértil durante aproximadamente nove dias por ciclo e que o último ciclo dessa mulher iniciou-se (menstruação) no dia 22 de setembro de 2006, calcule seu período fértil.

Resposta: Considerando o primeiro dia do ciclo como 22 e que seu ciclo é de 28 dias, temos:

22    23     24     25     26     27     28     29     30       

[01   02     03     04     05     06     07     08     09]

10    11     12     13     14     15     16     17     18     19

Menstruará novamente no dia 19/10 (n). Ocorrendo a ovulação 14 dias ANTES da menstruação, esta se dará no dia 05/10 (considerando a fórmula n - 14, teremos: 19 - 14 = 5, ou seja, dia 05 será seu provável dia de ovulação). Como seu período fértil aproximado localiza-se 4 dias antes e 4 dias após a ovulação, então o início dos dias férteis será 01/10 e o término, 09/10. 

Como é comum em algumas mulheres uma pequena variação no tamanho do ciclo menstrual, o cálculo para o período fértil deverá compreender o ciclo mais curto e o mais longo. Neste caso, primeiramente a mulher deverá anotar o 1° dia da menstruação durante vários meses e calcular a duração de seus ciclos (cada um deles contado do primeiro dia da menstruação). A partir daí, deverá proceder da seguinte forma para calcular o período fértil:

  • subtrair 14 dias do ciclo mais curto (dia provável da ovulação);
  • subtrair 14 dias do ciclo mais longo (dia provável da ovulação);
  • subtrair pelo menos 4 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto e somar 4 dias ao dia da provável ovulação do ciclo mais longo.

 

Exemplo: suponha que o ciclo mais curto da mulher exemplificada anteriormente tenha sido de 26 dias e o mais longo, de 30 dias. O cálculo do período fértil será feito assim:

  • subtraindo 14 dias do ciclo mais curto: 26 - 14 = 12  a ovulação deverá ter ocorrido no 12° dia do ciclo mais curto;
  • subtraindo 14 dias do ciclo mais longo: 30 - 14 = 16  a ovulação deverá ter ocorrido no 16° dia do ciclo mais longo;
  • subtraindo 4 dias do dia da ovulação do ciclo mais curto (12 - 4 = 8) e somando 4 dias ao dia da ovulação do ciclo mais longo (16 + 4 = 20), o período fértil ficará entre o 8° e o 20° dia de qualquer ciclo menstrual desta mulher. Os dias restantes serão os dias inférteis.

 

Atenção! Os cálculos acima só funcionam para mulheres com ciclos regulares (ou que sofrem apenas pequenas variações nos ciclos).

 


OBS.:

Apesar de a fase proliferativa ser variável, a fase secretora ou lútea é mais constante, durando aproximadamente 14 dias. As margens de 4 dias a menos e a mais do dia provável da ovulação consideram também a sobrevivência do ovócito de 24 horas e a sobrevivência dos espermatozoides por mais de 48 horas (até 3 dias) no trato genital feminino (margem de segurança). 


 

Veja também:

- Até quanto tempo é normal a menstruação atrasar? Como fazer descer?

- Dor da ovulação pode confundir com outras doenças; saiba como identificá-la.

- Pesquisa: pobreza menstrual afeta saúde física e mental de quem menstrua.

- Por que meus seios doem antes da menstruação?

 

 

Puberdade, menarca e menopausa

 

 

As mudanças ovarianas que ocorrem durante o ciclo sexual dependem inteiramente dos hormônios gonadotróficos FSH e LH, secretados pela hipófise anterior. Na ausência desses hormônios, os ovários permanecem inativos, como ocorre durante toda a infância, quando quase nenhum hormônio gonadotrófico é secretado. Entre os 9 e os12 anos de idade, sob o estímulo do GnRH hipotalâmico, a adenohipófise começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando ao início de ciclos sexuais mensais normais, que começam entre 11 e 15 anos de idade. Esse período de mudança é denominado puberdade, e o primeiro ciclo menstrual é denominado menarca. Os primeiros ciclos depois do início da puberdade geralmente são anovulatórios, assim como os ciclos que ocorrem alguns meses a anos antes da menopausa, talvez porque o pico de LH não seja potente o bastante nessas épocas para causar ovulação.

Entre 40 e 50 anos de idade, o ciclo sexual geralmente torna-se irregular, e a ovulação muitas vezes não ocorre. Depois de alguns meses a alguns anos o ciclo para totalmente. O período durante o qual o ciclo para e os hormônios femininos caem a quase zero é denominado menopausa

A causa da menopausa é o "esgotamento" dos ovários (menopausa = poucos folículos = ⇣ estrogênios = não exerce mais feedback negativo sobre FSH e LH  aumento da concentração de gonadotrofinas na urina e redução de estrógeno). Durante toda a vida reprodutiva da mulher, cerca de 400 dos folículos primordiais crescem em folículos maduros e ovulam, e centenas de milhares de ovócitos degeneram-se. Em torno dos 45 anos de idade, apenas uns poucos folículos primordiais continuam a ser estimulados pelo FSH e LH, e a produção de estrogênios pelos ovários diminui à medida que o número de folículos primordiais se aproxima de zero. Quando a produção de estrogênio cai abaixo do nível crítico, os estrogênios não conseguem mais inibir a produção das gonadotrofinas FSH e LH. Em vez disso, as gonadotrofinas FSH e LH (principalmente FSH) são produzidas depois da menopausa em quantidades elevadas e contínuas, mas à medida que os folículos primordiais remanescentes se tornam atrésicos, a produção de estrogênios pelos ovários cai virtualmente a zero.

 

Puberdade e menopausa.
Os gráficos mostram: (1) os níveis crescentes da secreção de estrogênio na puberdade, (2) a variação cíclica durante o ciclo sexual mensal, (3) o aumento adicional na secreção de estrogênio durante os primeiros anos da vida reprodutiva, (4) a queda progressiva na secreção de estrogênio ao aproximar-se o fim da vida reprodutiva e, finalmente, (5) quase nenhuma secreção de estrogênio ou progesterona depois da menopausa. Modificado de: HALL, JOHN E. Guyton & Hall Tratado De Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio De Janeiro, Ed. Elsevier, 2017.

 

Para outras informações sobre menopausa, consulte:

- MEDEIROS; S.F.; MAITELLI, A.; NINCE, A.P.B. Efeitos da terapia hormonal na menopausa sobre o sistema imune. Rev Bras Ginecol Obstet 2007; 29(11): 593-601.  

- OLIVEIRA; J.; PERUCH, M.H.; GONÇALVES, S.; HAAS, P. Padrão hormonal feminino: menopausa e terapia de reposição. Rev Bras Anal Clin (RBAC) 2016; 48(3):198-210.

 

Veja também:

- O que é a perimenopausa e o que acontece com as mulheres quando esse processo começa.

- Regida por hormônios: entenda ciclos da mulher da adolescência à menopausa.

- Reposição hormonal melhora a qualidade de vida, mas não é para toda mulher.

- Tenho 60 anos e minhas partes íntimas estão encolhendo; é normal?

 

 

Ato sexual feminino

 

 

Assim como ocorre no ato sexual masculino, o desempenho bem-sucedido do ato sexual feminino depende tanto de estimulação psíquica quanto de estimulação sexual local. Ter pensamentos sexuais pode levar ao desejo sexual feminino, o que ajuda bastante no desempenho do ato sexual. Esse desejo baseia-se em grande parte no treinamento anterior da mulher, bem como no seu impulso psicológico, muito embora o desejo sexual de fato aumente em proporção ao nível de hormônios sexuais secretados. 

As glândulas suprarrenais e outros tecidos, como o fígado, convertem esteroides como a progesterona em androgênios. Os androgênios e estrogênios possivelmente afetam as células do encéfalo, sobretudo no hipotálamo, e influenciam o comportamento sexual. Assim, o desejo também muda durante o ciclo reprodutivo mensal, atingindo um pico em torno da época da ovulação, provavelmente devido aos níveis elevados de estrogênio durante o período pré-ovulatório. 

A estimulação sexual local na mulher ocorre mais ou menos da mesma maneira que no homem, porque a massagem e outros tipos de estimulação da vulva, da vagina e de outras regiões perineais podem criar sensações sexuais. A glande do clitóris é especialmente sensível ao início das sensações sexuais. Assim como nos homens, os sinais sensoriais sexuais são transmitidos à porção sacral da medula espinhal (S2-4) e daí ao cérebro. Além disso, reflexos locais integrados na medula espinhal sacral (relacionados à excitação) e lombar (relacionados ao orgasmo) são responsáveis por algumas das reações nos órgãos sexuais femininos.

Ou seja, as vias neurais, tanto sensoriais quanto motoras, envolvidas no controle das respostas sexuais são as mesmas para homens e mulheres. Impulsos sensoriais são conduzidos a partir dos órgãos genitais para a região sacral da medula espinhal, onde os reflexos que controlam as respostas sexuais são integrados. Vias ascendentes conduzem a informação sensorial da medula espinhal para o encéfalo, e vias descendentes conduzem os impulsos de volta para a medula espinhal. Da medula espinhal, os impulsos retornam para os órgãos reprodutores pelas fibras nervosas autônomas parassimpáticas (excitação) e simpáticas (orgasmo), bem como para os músculos esqueléticos, pelas fibras nervosas motoras somáticas.

O ciclo de resposta sexual feminina é semelhante ao ciclo masculino e também ocorre em 3 estágios: 

  1. excitação;
  2. platô;
  3. orgasmo.

 

Após o orgasmo, ocorre também uma fase chamada resolução, a qual é caracterizada pela sensação de intenso prazer seguida por relaxamento e retorno ao normal, se não houver nenhum estímulo erótico eficaz presente (não existe período refratário). Além desta, existem outras diferenças importantes entre os ciclos sexuais feminino e masculino, como veremos no desenvolver deste tópico.

 


OBS.:

A fase de platô não é aceita por alguns especialistas, que a consideram como parte da fase de excitação. 


 

Excitação

 

Localizado em torno da abertura vaginal e estendendo-se até o clitóris, existe tecido erétil quase idêntico ao tecido erétil do pênis. Durante a excitação sexual, como resultado da estimulação parassimpática, esse tecido erétil se enche de sangue. 

 

Vulva e períneo.

 

As glândulas mucosas no interior do vestíbulo, especialmente as glândulas vestibulares (glândulas de Bartholin e de Skene), secretam pequenas quantidades de muco, e grandes quantidades de fluido extravasa dos vasos sanguíneos presentes na parede vaginal. Essas secreções proporcionam lubrificação vaginal que permite a fácil entrada do pênis na vagina e sua movimentação durante a relação sexual. 

 

Representação do pênis ereto inserido na vagina durante o coito vaginal.
Figura: Representação do pênis ereto inserido na vagina durante o coito vaginal. Traduzido de: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. The Human Sexual Response. In: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. (editors). Human Reproductive Biology. 4th edition. San Diego, Academic Press. 2014. Chapter 8, p. 135-157.

 

A fase de excitação feminina, como na masculina, é iniciada pela presença de estímulos eróticos (toque e estímulos psicológicos) que desencadeiam impulsos reflexos que vão para a porção sacral da medula espinhal (S2-4) e retornam através das fibras nervosas parassimpáticas da região sacral da medula aos órgãos genitais. 

Fase de excitação feminina.
Traduzido de: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. The Human Sexual Response. In: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. (editors). Human Reproductive Biology. 4th edition. San Diego, Academic Press. 2014. Chapter 8, p. 135-157.

A primeira mudança, que geralmente ocorre dentro de 10-30 segundos, é a lubrificação vaginal. Outras respostas que ocorrem durante a fase de excitação feminina incluem:

  1. Os dois terços internos do canal vaginal começam a aumentar em comprimento e largura. Assim, a cavidade vaginal, que é apertada em repouso, começa a se alargar.
  2. O tecido erétil em torno da abertura vaginal se enche de sangue, proporcionando maior abertura.
  3. A glande do clitóris, os pequenos lábios e os grandes lábios também ficam cheios de sangue e intumescidos (inchados), aumentando de tamanho.
  4. O corpo do útero sobe (efeito de tenda), puxando o colo do útero para longe da vagina e, assim, aumentando ainda mais o comprimento vaginal. Também podem ocorrer contrações uterinas rápidas e irregulares (fibrilação). Essas contrações uterinas não são dolorosas. O tamanho do útero também aumenta devido à vasocongestão (acúmulo de sangue nos vasos sanguíneos).
  5. Os mamilos ficam eretos, a aréola torna-se larga e mais escura e o tamanho dos seios aumenta ligeiramente devido ao acúmulo de líquido.
  6. Em cerca de 74% das mulheres, áreas da pele ficam avermelhadas devido à dilatação dos vasos sanguíneos (rubor sexual). Geralmente começa no abdômen e na garganta e depois se espalha para o tórax, rosto e até mesmo os ombros, braços e coxas.
  7. Há um aumento geral da tensão nos músculos voluntários e involuntários.

 

Esses eventos, embora mais espalhados, são análogos à fase da ereção nos homens. 

 

Platô

 

Durante a fase de platô feminino, as seguintes mudanças ocorrem se estímulos eróticos eficazes estiverem presentes:

Fase de platô do ciclo sexual feminino.
Traduzido de: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. The Human Sexual Response. In: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. (editors). Human Reproductive Biology. 4th edition. San Diego, Academic Press. 2014. Chapter 8, p. 135-157.
  1. A parede do terço externo da vagina fica muito cheia de sangue, de modo que a cavidade vaginal é reduzida em comparação com a fase de excitação. Além disso, os pequenos lábios tornam-se mais cheios de sangue e, portanto, ficam mais vermelhos e maiores. Essas mudanças no terço externo da vagina e nos pequenos lábios são chamadas de plataforma orgásmica porque indicam que o orgasmo é iminente.
  2. O clitóris se retrai para ser completamente coberto pelo prepúcio clitoriano e seu comprimento diminui em cerca de 50%. Assim, a partir desse estágio, o clitóris pode ser estimulado diretamente apenas pelo prepúcio e indiretamente pela tensão aplicada aos pequenos lábios.
  3. A fibrilação uterina continua e pode aumentar de intensidade. O útero também se eleva ainda mais.
  4. Os mamilos ficam mais eretos e a aréola mais escura; os seios atingem seu tamanho máximo.
  5. O rubor sexual, se presente, se espalha e se torna mais intenso.
  6. A frequência cardíaca, a pressão arterial e a profundidade e a frequência respiratória aumentam.
  7. Há um novo aumento da tensão muscular.

 

Orgasmo

 

Semelhantemente ao que ocorre no orgasmo masculino, quando o grau de estimulação sexual atinge um nível crítico, é iniciado um reflexo medular que dispara uma descarga maciça de impulsos nervosos sobre as fibras simpáticas (provenientes da medula espinhal lombar) que inervam os órgãos genitais.

A fase de orgasmo (clímax) feminino, se estimulada pelo coito, geralmente ocorre de 10 a 20 minutos após a penetração do pênis na vagina. Um orgasmo em ambos os sexos pode ser uma das experiências humanas mais intensas e prazerosas. 

Nem todas as mulheres têm orgasmo em todas as relações sexuais. Mas quando acontece, as seguintes mudanças fisiológicas ocorrem durante esta fase: 

Fase de orgasmo do ciclo sexual feminino.
Traduzido de: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. The Human Sexual Response. In: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. (editors). Human Reproductive Biology. 4th edition. San Diego, Academic Press. 2014. Chapter 8, p. 135-157.

Fortes contrações musculares ocorrem no terço externo da parede vaginal. A primeira contração dura cerca de 2-4 segundos e é seguida por contrações rítmicas em intervalos de 0,8 segundos, aproximadamente a mesma frequência das contrações musculares durante a ejaculação masculina. Pode haver de 3 a 15 dessas contrações e a intensidade das iniciais é maior do que as posteriores. O esfíncter retal também pode apresentar contrações rítmicas em intervalos de 0,8 segundos.

Os dois terços internos da vagina frequentemente se expandem, o que facilita o movimento do pênis dentro dela.

Ocorrem contrações peristálticas rítmicas do útero (miométrio), provavelmente provocadas pela liberação do hormônio ocitocina.

O rubor sexual, se presente, atinge o pico em intensidade e distribuição.

A frequência cardíaca, a pressão arterial e a profundidade e frequência respiratória atingem o pico em taxas semelhantes às do orgasmo masculino (ver adiante).

Pode haver fortes contrações musculares involuntárias e movimentos de agarrar ou agarrar nas mãos e pés.

Também ocorre uma liberação da tensão neuromuscular. As condições dos pequenos lábios, dos grandes lábios, do clitóris e dos seios permanecem semelhantes às da fase de platô.

 


OBS.:

As contrações peristálticas rítmicas do miométrio favorecem o movimento do conteúdo do lúmen do colo do útero para o fundo uterino e essas contrações provavelmente desempenham um papel no transporte rápido e em massa dos espermatozoides ejaculados do colo do útero para as tubas uterinas. 

 

Orgasmo e fertilização.
Traduzido e modificado de: https://www.cpma.ch/en-us/Questions-about-fertility/Understanding-my-fertility

 

Como nos homens, o orgasmo é acompanhado pela sensação de intenso prazer seguida por relaxamento (resolução). Porém, o orgasmo nas mulheres não é seguido por um período refratário. Assim as mulheres podem ter múltiplos orgasmos durante uma única experiência sexual. Se há intenção de fertilização, um homem deve atingir o orgasmo para ejacular, mas o orgasmo feminino não é necessário para a concepção, embora as contrações peristálticas rítmicas do miométrio durante o orgasmo feminino possam favorecê-la. 

Na verdade, quatro diferenças nos orgasmos masculino e feminino têm sido propostas:

- ao contrário do homem, a mulher pode ter orgasmos repetidos (múltiplos) separados por intervalos muito curtos;

- a mulher pode ter um orgasmo prolongado que dura por um longo tempo (o chamado “status orgasmus");

- há diferenças no padrão registrado de contrações musculares pélvicas; especificamente, os homens têm um padrão rítmico dividido não visto nas mulheres;

- uma vez iniciado o orgasmo masculino, sua expressão posterior é automática, mesmo que a estimulação sexual seja interrompida; se a estimulação for interrompida no meio do orgasmo feminino induzido pelo clitóris ou induzido pela vagina, o orgasmo feminino será interrompido.

 

Para maiores informações, consulte:

- JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. The Human Sexual Response. In: JONES, R.E.; LOPEZ, K.H. (editors). Human Reproductive Biology. 4th edition. San Diego, Academic Press. 2014. Chapter 8, p. 135-157.

- MESTON, C.M.; LEVIN, R.J.; SIPSKI, M.L.; HULL, E.M.; HEIMAN, J.R. Women's orgasm. Annu Rev Sex Res. 2004; 15: 173-257. 

 

Veja também:

- Dor no sexo não é normal: elas contam como descobriram que algo não ia bem

- Ejaculação feminina

- Ejaculação feminina: o que é e porque acontece

- Libido: o que a ciência sabe (e ainda não sabe) sobre o desejo sexual.

- Platô: conheça a fase de 'plataforma orgásmica', tão importante para o sexo

- Sem vontade de transar? 7 situações que diminuem a libido nas mulheres

- Ação antienvelhecimento e mais energia: benefícios do sexo além do prazer.

 

 

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