Virgindade
Tabus, mitos e verdades
Primeiramente, o que é virgindade? Quem sabe? A princípio virgindade era um tabu, nada mais que um tabu que pregava que a mulher deveria se entregar imaculada ao marido, ou seja, casar sem nunca ter tido algum tipo de relação sexual.
De uns tempos pra cá, a virgindade continua sendo um tabu. A mulher é virgem enquanto nunca tiver tido um relacionamento sexual. Entretanto, hoje em dia, para permanecer virgem, a mulher procura formas alternativas de sexo, tal como o sexo anal e o oral. Mas não são o sexo anal e o oral, tipos de relacionamento sexual? Sim.
Percebemos, então, que a virgem hoje é aquela que mantém o hímen imaculado, intacto, inteiro. Esquece-se, no entanto, que existem outras formas de se romper o hímen que não o sexo. Como exemplo, sabemos que certos tipos de hímen podem se romper com o uso de absorventes internos. E ainda, é possível que o hímen não se rompa durante uma relação sexual em que haja, de fato, penetração. Quer dizer que nesses casos, a mulher deixa de ser ou continua sendo virgem, respectivamente? Não mesmo! Conceito de virgindade é quase que subjetivo. Virgens deveriam ser aquelas pessoas, mulheres ou homens que nunca tiveram qualquer tipo de relacionamento sexual íntimo com outra pessoa. Mesmo assim caberia ao bom senso discernir o que é um relacionamento sexual íntimo, para que não se pense que "amassos" ou mesmo que a masturbação mútua tira a virgindade.
É surpreendente constatar que uma película tão fina, com 3 milímetros de espessura, tenha tamanho peso simbólico. Antigamente, a virgindade era um sinal obrigatório de dignidade para a mulher solteira. Hoje, pode parecer uma marca anacrônica, face à liberação sexual (nem sempre consciente) dos jovens. Na realidade, o hímen tem função muito mais importante do que atender a expectativas sociais. Localizado na entrada da vagina, tem o papel é protegê-la, uma vez que na infância a menina não produz hormônios suficientes para se defender de possíveis infecções.
Esperamos que este conceito de virgindade caia em desuso, pois ele não passa de um rótulo.
Veja também:
- Sexualidade na infância: postura e temas para abordar com crianças.
Gravidez na Adolescência
A gravidez na adolescência é quase sempre uma gravidez não planejada e, por isso, indesejada. Desde 1970, a incidência de casos tem aumentado significativamente, ao mesmo tempo em que tem diminuído a média de idade das adolescentes grávidas. Na maioria das vezes a gravidez na adolescência ocorre entre a primeira e a quinta relação sexual e elas procuram o serviço de saúde entre o terceiro e quarto mês de gravidez.
O parto normal é a primeira causa de internação de brasileiras entre 10 e 14 anos de idade nos hospitais que têm convênio com o SUS (Sistema Único de Saúde) em todos os Estados brasileiros. Do total de internações de meninas e jovens, de 10 a 14 anos, 16% foram relativas a partos normais ou cesarianas.
Quando a gravidez se dá antes dos dezesseis anos as complicações ocorrem com maior frequência. A imaturidade física, funcional e emocional da jovem predispõe ao surgimento de complicações como o aborto espontâneo, parto prematuro, maior incidência de cesárea, ruptura dos tecidos da vagina durante o parto, dificuldades na amamentação e depressão. Por tudo isso, a maternidade deve ser encarada como um momento sério e que necessita de grande responsabilidade dos jovens.
E como explicar esse aumento de incidência de gravidez, numa época em que nossos adolescentes estão mais bem informados sobre o uso de camisinha na prevenção de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e métodos anticoncepcionais? Provavelmente o não uso de camisinha deve-se a fatores, como:
- abuso de álcool e outras drogas psicoativas: os indivíduos se expõem a riscos decorrentes da queda na capacidade de julgamento, tais como envolvimento em atividade sexual desprotegida (risco de gravidez indesejada e exposição às infecções sexualmente transmissíveis – IST);
- namoro firme: se for pedido o uso de camisinha o(a) parceiro(a) pode desconfiar de infidelidade;
- paixão: imagem falsa de segurança negando os riscos inerentes ao não uso de preservativos;
- apelo erótico dos meios de comunicação: propaga-se sexo como algo não planejado e comum e, na maioria das vezes, ninguém se infecta nem adoece;
- pensamento machista de que AIDS ainda só é transmitida através de relações homossexuais ou drogas injetáveis.
A sua primeira relação sexual foi a de seu(ua) parceiro(a) também? Se não foi, não adianta eliminar o uso de camisinha por métodos anticoncepcionais hormonais, pois nenhum dos dois estará seguro de não ser portador de alguma IST, a menos que realize exames e frequente o médico especializado regularmente: urologista, para homens e ginecologista, para mulheres. E se um dos dois nasceu portador do vírus da AIDS e não teve coragem de comentar (ou nem sabe)? Vale a pena se expor?
Esse pensamento de que “só acontece com os outros” pode colocar qualquer um em uma grande encrenca, não acha?
Que tal incorporar a conscientização e praticar, usando camisinha?
Masturbação: Ainda um Tabu?
Sob um ponto de vista restrito, masturbação é a estimulação dos próprios genitais usando as mãos e dedos ou com o auxilio de objetos. De maneira mais ampla, a masturbação pode ser definida como a estimulação dos órgãos genitais, ânus, mamilos e outras partes do corpo, uti1izando-se as mãos e objetos, podendo ser realizada pela própria pessoa ou pelo(a) seu(sua) parceiro(a). Em linguagem popular a masturbação masculina é denominada punheta e a feminina siririca. A maioria das pessoas se masturba durante, praticamente, toda a vida. São muitos os relatos de crianças que se masturbam com menos de três anos de idade.
Os dados referentes à masturbação são variáveis, porém consistentes. Podemos dizer que na idade adulta a maioria das mulheres e a quase totalidade dos homens se masturbam. No Brasil, 69% dos homens e 56% das mulheres consideram a masturbação saudável.
A prática da masturbação é mais intensa na infância/adolescência e na idade avançada, períodos da vida nos quais a pessoa pode não ter parceiro(a) sexual, mas a maioria das pessoas se masturba mesmo quando envolvidas em relacionamentos estáveis.
Perguntas e respostas sobre a masturbação
A masturbação é prejudicial à saúde?
Não. A masturbação não causa nenhum mal físico ou mental. Ao contrário, masturbar-se é uma forma saudável de alivio da tensão sexual e de entendimento da própria sexualidade, além de ser uma prática de sexo seguro.
Segundo publicação da Revista Galileu de agosto 2003, pesquisadores do Conselho Victoria de Câncer, na Austrália, concluíram que masturbação cinco vezes por semana pode reduzir em ⅓ os riscos de homens entre 20 e 50 anos desenvolverem câncer de próstata.
Qual a frequência normal de masturbação?
Depende. Algumas pessoas se satisfazem masturbando-se uma vez por semana, outras diariamente. Se a frequência de masturbação chega a causar perturbação na atividade diária ou lesões nos órgãos genitais, a pessoa deve procurar ajuda especializada.
A masturbação atrapalha o desenvolvimento da sexualidade?
Ao contrário, a masturbação ajuda no desenvolvimento da sexualidade. Mulheres que se masturbam têm mais chance de atingir o orgasmo com a penetração do que as que nunca se masturbam.
Posso perder a virgindade me masturbando de vez em quando?
Depende. Se você utiliza acessórios e os introduz ou força a abertura vaginal, pode. Se apenas acaricia o clitóris e a vulva sem forçar a abertura, é improvável que o hímen se rompa.
Para mais respostas sobre outras perguntas relacionadas à masturbação, veja os links:
- Tenho 13 anos, nunca me masturbei e, às vezes, ejaculo dormindo. Há relação?
- Masturbação pode alterar o dia da menstruação?
- Masturbar-se todo dia evita câncer de próstata?
Homossexualidade
Na Grécia Antiga, a homossexualidade era uma prática natural e esteticamente bela. Com a civilização judaico-cristã, caiu em desgraça. Chegou a ser considerada doença - equívoco que se prolongou até 1974 - quando a Organização Mundial de Saúde riscou-a de sua lista de enfermidades. As pesquisas sobre uma possível origem genética, realizadas a partir de 1991, causaram polêmica. Mas um novo caminho surgiu, embora os estudos não sejam conclusivos, nem descartem as causas emocionais e culturais.
Hoje já se sabe que não se trata de uma opção, mas de uma condição – tão humana quanto andar, comer ou respirar. Mesmo assim o assunto continua a ser tabu, envolto em preconceito e na falta de informação.
A orientação sexual, quer para heterossexuais, quer para homossexuais não parece ser algo que uma pessoa escolha. Alguns estudos recentes indicam que a orientação sexual tem uma grande influência genética ou biológica, sendo provavelmente determinada antes ou pouco depois do nascimento. Uma vez que esses estudos não são conclusivos, é irresponsável assumir que a homossexualidade é uma escolha. Tal como os heterossexuais, os homossexuais descobrem a sua sexualidade como um processo de crescimento. A única escolha que o homossexual pode tomar é a de viver a sua vida de acordo com a sua verdadeira natureza, ou de acordo com o que a sociedade espera dele. Descrever a homossexualidade como um simples caso de escolha é ignorar a dor e confusão por que passam tantos homens e mulheres homossexuais quando descobrem a sua orientação sexual. É absurdo pensar que esses indivíduos escolheram deliberadamente algo que os deixa expostos à rejeição por parte da família, amigos e sociedade. Este preconceito também ignora todos os homossexuais que tentaram viver a sua vida como heterossexuais, escondidos atrás de uma fachada de casamento, sempre sentido um vazio e falta de realização pessoal. Há ainda muito a aprender sobre a sexualidade humana.
Mais tolerância
Numa sociedade que tenta ainda condenar qualquer tipo de nuance da sexualidade que ultrapasse o modelo heterossexual, não é difícil entender os conflitos sociais e pessoais que as minorias sexuais têm de enfrentar. Não é à toa que nos Estados Unidos, por exemplo, onde há mais estatísticas a respeito, o número de adolescentes homossexuais que cometem suicídio é de 2 a 6 vezes maior do que os não homossexuais, representando a triste marca de 30% de todos os casos de suicídio registrados com adolescentes.
Violência contra si próprios; violência da sociedade contra eles. Os casos de assassinatos de homossexuais no Brasil vêm crescendo, segundo estudos feitos pelo Grupo Gay da Bahia, um dos mais atuantes do Brasil.
Será que uma pessoa escolhe viver assim? Será que pode ser julgada e condenada por que não segue os padrões sexuais estruturados pela sociedade? E se seu pai, mãe, irmão, irmã, filho ou filha fosse homossexual? Você ainda assim continuaria pensando que foi uma opção de vida e por isto devem ser castigados ou entenderia melhor?
Você assistiu ao deprimente filme “Beleza Americana”? Se não, assista e reflita sobre, caso tenha algum preconceito a respeito.
Ninguém quer conviver com diferenças e marginalizações, mas às vezes elas surgem para nos ajudar a crescer e respeitar o próximo. Pense a respeito.