Sistema Tegumentar

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Tegumento comum

 

 

O tegumento comum  (revestimento externo do corpo) inclui órgãos como a pele e suas estruturas acessórias — pelos, unhas, glândulas sudoríferas, sebáceas, ceruminosas e mamárias —, junto com nervos, receptores sensoriais e músculos associados. 

 

Tegumento comum.

 

Ainda que subestimado, este é provavelmente o sistema de órgãos mais observado em detalhes. Também é o mais exposto a infecções, doenças e lesões. 

A pele reflete nossas emoções e alguns aspectos da fisiologia normal, como franzir a testa em situações de desagrado, rubor ou palidez e suor. Mudanças na coloração ou na condição da pele podem também indicar desequilíbrios homeostáticos no corpo. Por exemplo, erupções cutâneas como as que ocorrem na catapora revelam uma infecção sistêmica, mas a cor amarelada geralmente tem origem nas doenças do fígado. Outros distúrbios podem ser limitados à pele, como verrugas, manchas de idade ou espinhas. 

A localização da pele a torna vulnerável a danos por trauma, luz solar, micróbios ou poluentes no ambiente. Danos à pele de grandes proporções, como em queimaduras de terceiro grau, são potencialmente fatais, em razão da perda de suas propriedades protetoras. 

 

Funções do sistema tegumentar 

 

O sistema tegumentar nos separa e protege do ambiente externo. Também ajuda a manter constante a temperatura corporal, protege o corpo e fornece informações sensitivas sobre o ambiente circundante, entre outras diversas funções:

  • Proteção do organismo contra desidratação e atrito  camada queratinizada da epiderme.
  • Proteção contra diversos agentes do meio ambiente: trauma, raios UV, micróbios e poluentes no ambiente [a melanina protege contra os raios ultravioleta (UV) do sol; as células do sistema imune atuam contra a invasão de microrganismos].
  • Reservatório de sangue  derme
  • Termorregulação: vasos sanguíneos, glândulas  sudoríparas écrinas e tecido adiposo (tela subcutânea).
  • Excreção e absorção
  • Percepção sensorial  terminações nervosas sensoriais (calor, frio, tato, pressão, vibração, dor, coceira, cócegas).
  • Síntese de vitamina D3  pela ação dos raios UV do sol sobre precursores sintetizados no organismo.
  • Também reflete nossas emoções: raiva, desagrado, rubor, suor frio etc

 

 

Estrutura da pele 

 

 

Pele humana.

A pele humana recobre a superfície externa do corpo, sendo o maior órgão do corpo em área de superfície e peso. Nos adultos, a pele recobre uma área aproximada de 2 metros quadrados e pesa entre 4,5 e 5 quilos, perfazendo aproximadamente 7% do peso total do corpo. 

A pele é constituída por duas camadas distintas, firmemente unidas entre si: a epiderme e a derme. A parte superficial, mais fina, que é composta de tecido epitelial, é a epiderme, avascular e de origem ectodérmica. Por ser avascular, se você arranhar a epiderme não há sangramento. A parte do tecido conjuntivo, mais espessa e profunda, é a derme, vascularizada (portanto, um corte na derme provoca sangramento) e de origem mesodérmica.

Abaixo e da derme encontra-se a tela (ou camada) subcutânea, também denominada hipoderme. Esta camada não faz parte da pele, apenas lhe serve de união com os órgãos subjacentes. A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo, que constitui o panículo adiposo

 

Pele humana: camadas.

 

 

Epiderme

 

 

A epiderme, camada superficial e mais fina da pele, é composta de epitélio pavimentoso (células achatadas) estratificado (várias camadas de células justapostas) queratinizado.

A epiderme contém quatro tipos principais de células: 

  1. queratinócitos,
  2. melanócitos,
  3. células de Langerhans,
  4. células de Merkel.

 

Epiderme: tipos principais de células.
Fonte: TORTORA, G.J.; NIELSEN, M.T. Princípios de anatomia humana. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

 

Grande parte da epiderme (cerca de 90%) consiste em queratinócitos. Os queratinócitos estão dispostos em quatro ou cinco camadas e produzem a proteína queratina, uma proteína intracelular fibrosa dura (forma filamentos intermediários) que ajuda a proteger a pele e os tecidos subjacentes contra abrasões, calor, micróbios e substâncias químicas. Os queratinócitos também produzem grânulos lamelares, que liberam uma substância impermeabilizante que diminui a entrada e a perda de água e inibe a passagem de materiais estranhos.

Melanócito.
Figura: Desenho de um melanócito. Seus prolongamentos citoplasmáticos se insinuam entre as células da camada basal da epiderme. Esses prolongamentos estão cheios de grãos de melanina, que são transferidos para o citoplasma dos queratinócitos. Fonte: JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

Aproximadamente 8% das células epidérmicas são melanócitos. Essas células são encontradas na junção da epiderme com a derme e produzem o pigmento melanina. Os melanócitos possuem corpo celular cúbico com prolongamentos ramificados longos, que se estendem entre os queratinócitos adjacentes. Por meio desses prolongamentos, um melanócito faz contato e e transfere grânulos de melanina para os queratinócitos adjacentes. 

A melanina é um pigmento vermelho-amarelado ou marrom-preto que contribui para a coloração da pele e absorve os raios ultravioletas (UV) prejudiciais. Uma vez no interior dos queratinócitos, os grânulos de melanina se aglomeram e formam um véu protetor em torno do núcleo, no lado voltado para a superfície da pele. Desse modo, protegem o DNA nuclear dos raios UV. Embora os queratinócitos obtenham alguma proteção efetiva dos grânulos de melanina, os próprios melanócitos são especialmente suscetíveis à lesão pelos raios UV.

 


OBS.: 

O número de melanócitos encontrado em diferentes etnias é praticamente o mesmo. A quantidade de melanina na epiderme é maior nos indivíduos negros, sem diferenças no número de melanócitos. 

A cor da pele se deve a vários fatores. Os de maior importância são: seu conteúdo em melanina e caroteno, a quantidade de capilares na derme e a cor do sangue nesses capilares. A pigmentação da pele é regulada por fatores genéticos, ambientais e endócrinos que modulam a quantidade, o tipo e a distribuição de melaninas na pele, nos pelos e olhos.

Nos adultos, ⅓ dos cânceres se origina na pele, sendo mais frequentes nas pessoas de pele muito clara e que se expõem a muita radiação solar. 

 

Para maiores informações, consulte:

- ALCHORNE, M.M.A.; DE ABREU, M.A.M.M. Dermatologia na pele negra. An Bras Dermatol 2008; 83(1): 7-20.


 

As células de Langerhans são células dendríticas intraepidérmicas, que participam das respostas imunes desenvolvidas contra micróbios que invadem a pele. Como os melanócitos, as células de Langerhans possuem longos prolongamentos ramificados. Localizam-se em toda a epiderme entre os queratinócitos, porém são mais frequentes no estrato espinhoso da epiderme. Essas células de defesa ajudam outras células do sistema imunológico a reconhecer um antígeno (micróbio ou substância externa) e destrui-lo, mas são facilmente danificadas pela radiação UV.  

As células de Merkel são as células epidérmicas menos numerosas e são células epiteliais táteis. Estão localizadas na camada mais profunda da epiderme, na qual fazem contato com o prolongamento achatado de um neurônio sensorial (célula nervosa), uma estrutura chamada disco tátil ou disco de Merkel. As células de Merkel e os discos táteis detectam as sensações de tato.

 

Camadas ou estratos da epiderme

 

Várias camadas distintas de queratinócitos em diferentes estágios de desenvolvimento formam a epiderme. 

Na maioria das regiões do corpo (pele fina), a epiderme contém quatro camadas ou estratos que, da camada mais interna (região mais profunda) até a camada mais externa (superficial) da epiderme são: 

  1. estrato basal (ou germinativo),
  2. estrato espinhoso,
  3. estrato granuloso (ou granular),
  4. estrato córneo.

 

Estratos ou camadas da epiderme (pele grossa).
Fonte: TORTORA, G.J.; NIELSEN, M.T. Princípios de anatomia humana. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

Onde a exposição ao atrito é maior, como nas pontas dos dedos, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés e em algumas articulações (pele grossa), a epiderme tem cinco camadas ou estratos:

  1. estrato basal (ou germinativo),
  2. estrato espinhoso,
  3. estrato granuloso (ou granular),
  4. estrato lúcido,
  5. estrato córneo.

 

A camada mais profunda da epiderme, o estrato basal, é composta de uma única fileira de queratinócitos colunares ou cúbicos, alguns dos quais são células-tronco que se dividem continuamente para produzir novos queratinócitos. Os melanócitos e as células de Merkel (com seus discos táteis associados, também chamados de discos de Merkel, estão espalhados entre os queratinócitos na camada basal. O estrato basal é algumas vezes chamado de estrato germinativo para indicar sua função na formação de novas células.

Superficialmente ao estrato basal está o estrato espinhoso (também conhecido como camada de células escamosas ou espinhosas). Exceto por uma célula de Merkel ocasional, esse estrato consiste em 8 a 10 camadas de queratinócitos, produzidos pelas células-tronco da camada basal. Os queratinócitos dessa região produzem feixes mais grossos de filamentos de queratina do que aqueles da camada basal e suas células nas partes mais superficiais tornam-se achatadas. As células de Langerhans e as projeções dos melanócitos também estão presentes no estrato espinhoso.

Localizado aproximadamente no meio da epiderme, o estrato granuloso (ou granular) consiste em três a cinco camadas de queratinócitos achatados que estão passando pelo processo de apoptose (morte celular programada). Os núcleos e outras organelas dessas células começam a se degenerar à medida que se afastam de sua fonte de nutrição (os vasos sanguíneos dérmicos). Assim, não realizam mais reações metabólicas vitais e morrem. Desta forma, o estrato granuloso marca a transição entre os estratos metabolicamente ativos mais profundos e as células mortas dos estratos mais superficiais. Embora os filamentos de queratina não estejam mais sendo produzidos por essas células, eles se tornam mais aparentes porque as organelas nas células estão degenerando. Uma característica importante do estrato granuloso é a presença de grânulos que liberam uma secreção rica em lipídeo. Essa secreção atua como um selante impermeável, retardando a perda de líquidos corporais e a entrada de materiais estranhos. 

O estrato lúcido é encontrado somente na pele grossa e consiste em 4 a 6 camadas de queratinócitos mortos achatados e claros, que contêm grandes quantidades de queratina e têm membranas plasmáticas espessas. A queratina está mais regularmente disposta paralelamente à superfície da pele. Isso provavelmente fornece um nível adicional de resistência a essa região de pele grossa.

O estrato córneo consiste em média de 25 a 30 camadas de queratinócitos mortos achatados, podendo variar em espessura desde algumas camadas na pele fina até 50 ou mais camadas na pele grossa. As células, que são extremamente finas e planas, são "pacotes" de queratina fechados por membrana plasmática chamados corneócitos ou escamas. Os corneócitos não contêm mais núcleos nem outras organelas internas. Eles são o produto final do processo de diferenciação dos queratinócitos. Os corneócitos em cada camada sobrepõem-se uns aos outros como escamas na pele de uma serpente. Camadas adjacentes de corneócitos também formam conexões sólidas umas com as outras. As membranas plasmáticas dos corneócitos adjacentes estão dispostas em pregas onduladas complexas que se encaixam como peças de um quebra-cabeça, para manter as camadas juntas. Nesse estrato externo da epiderme, frequentemente referido como camada cornificada as células são continuamente descartadas e substituídas por células provenientes dos estratos mais profundos. Suas múltiplas camadas de células mortas ajudam o estrato córneo a proteger as camadas mais profundas contra lesão e invasão microbiana. A exposição constante da pele ao atrito estimula o aumento da produção de células e queratina, o que resulta na formação de um calo, um espessamento anormal do estrato córneo.

 


OBS.:

Renovação das células epidérmicas.

As camada basal apresenta intensa atividade mitótica, sendo responsável pela constante renovação da epiderme. 

Células recém-formadas no estrato basal são empurradas lentamente através das diversas camadas para a superfície da pele. Conforme se movem de uma camada epidérmica para a seguinte, as células acumulam mais e mais queratina, em um processo chamado queratinização. Em seguida sofrem apoptose. No final, as células queratinizadas são descartadas e substituídas pelas células subjacentes, que por sua vez se tornam queratinizadas. Esse processo responde pelas alterações nas características dos queratinócitos à medida que amadurecem e se transformam em corneócitos. 


 

Tipos de pele

 

Embora a pele em todo o corpo seja semelhante em estrutura, existem algumas variações locais relacionadas com a espessura, a resistência, a flexibilidade, o grau de queratinização, a distribuição e o tipo de pelo, a densidade e os tipos de glândulas, a pigmentação, a vascularização e a inervação da epiderme. 

Dependendo da espessura da epiderme e com base em determinadas propriedades estruturais e funcionais, distinguem-se dois tipos principais de pele: pele fina (com pelos) e a pele grossa ou espessa (pele glabra ou sem pelos). A pele grossa é encontrada na palma das mãos, na planta dos pés e em algumas articulações. O restante do corpo é protegido por pele fina. 

 

Tipos de pele: fina (com pelos) e grossa (glabra).

 

O maior contribuinte para a espessura epidérmica é o aumento no número de camadas no estrato córneo. Essa contribuição origina-se em resposta a um estresse mecânico mais intenso nas regiões de pele grossa.
 

 

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