Sistema Endócrino

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Sistema hipotalâmico-hipofisário

 

 

Sistema hipotalâmico-hipofisário.

A unidade funcional hipotálamo-hipófise é o mais complexo e dominante componente do sistema endócrino.

Objetivos:

  • homeostasia
  • integração organismo/meio ambiente
  • controle da reprodução

 

 

Hipotálamo

 

Hipotálamo: vias neural e vascular.

O hipotálamo faz parte do sistema nervoso central (SNC) e se localiza no diencéfalo. O hipotálamo possui diversos núcleos cerebrais que regulam a homeostasia corporal através de complexas conexões com outros centros cerebrais. Também apresenta grupamentos neuronais que se relacionam ao controle da função endócrina – o hipotálamo endócrino –, que se conecta com a glândula hipófise (pituitária) por duas vias distintas:

  • vias neurais  hipófise posterior ou neurohipófise
  • via vascula hipófise anterior ou adenohipófise

 

Diversos hormônios (fatores liberadores e inibidores) são secretados pelo hipotálamo e transportados à adenohipófise pelo sistema porta-hipotálamo-hipofisário, rede de capilares fenestrados que formam a vasculatura entre o hipotálamo e a adenohipófise. Assim, esse sistema de capilares serve para transportar hormônios hipotalâmicos que controlam a produção e liberação de hormônios hipofisários, atuando em sistemas de alças de retroalimentação entre hipotálamo-hipófise-tecido alvo.

Desta forma, o hipotálamo é o centro coletor de informações relativas ao bem-estar interno do organismo, e grande parte desta informações é utilizada para controlar secreções dos vários hormônios hipofisários globalmente importantes. 

 

Hipófise

 

A hipófise, também chamada pituitária, é uma glândula pequena, de aproximadamente 1 a 1,5 cm de diâmetro, e peso de 0,5 até 1 grama. Está situada na sela túrcica, cavidade óssea localizada na base do cérebro e que se liga ao hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário ou infundíbulo

Hipófise.
Adaptado de: GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Elsevier, 2006. 

Fisiologicamente, a hipófise é divisível em duas porções distintas: a hipófise anterior, conhecida como adenohipófise, que responde por aproximadamente 75% do peso total da glândula, e a hipófise posterior, também conhecida como neurohipófise. Entre essas duas partes, há uma pequena zona, relativamente avascular, chamada parte intermediária (pars intermedia ou parte intermédia), que é pouco desenvolvida em humanos, mas muito maior e mais funcional em alguns animais.

Embriologicamente, a hipófise se origina de duas fontes distintas: a   hipófise anterior origina-se  da bolsa de Rathke, uma invaginação embrionária do epitélio faríngeo, e a hipófise posterior deriva do crescimento de tecido neural do hipotálamo. Assim, enquanto a adenohipófise deriva do ectoderma oral, a neurohipófise deriva do neuroectoderma.

 

Origem embrionária da hipófise.
Fonte: NUNES, M.T. A glândula hipófise. In: Margarida de Mello Aires (Org.). Fisiologia. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1999. Cap. 63, p. 782-811.

 

Hipófise anterior ou adenohipófise  

 

Cinco tipos de células da adenohipófise produzem sete hormônios trópicos (tróficos) ou trofinas (hormônios que estimulam o funcionamento de outras glândulas endócrinas)

1. Somatotrofos: produzem o hormônio do crescimento (GH ou hGH, de hormônio do crescimento humano) ou somatotropina (somatotrofina). O GH promove o crescimento de todo o organismo, afetando a formação de proteínas, a multiplicação e a diferenciação celular.

2. Tireotrofos: produzem o hormônio estimulante da tireoide (TSH) ou tireotropina (tireotrofina). O TSH controla as secreções dos hormônios da glândula tireoide (tiroxina e triiodotironina), e esses hormônios controlam a velocidade da maioria das reações químicas intracelulares no organismo. 

3. Corticotrofos: produzem o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) ou adrenocorticotropina (adrenocorticotrofina) ou corticotropina (corticotrofina), que estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar glicocorticoides, hormônios que afetam o metabolismo da glicose, das proteínas e das gorduras. 

4. Gonadotrofos: produzem as duas gonadotropinas (gonadotrofinas): o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), que atuam nas gônadas. Esses hormônios controlam o crescimento dos ovários e dos testículos, bem como suas atividades hormonais e reprodutivas.   

5. Lactotrofos: produzem a prolactina (PRL), que promove o desenvolvimento das glândulas mamárias e a produção do leite.

 

Funções metabólicas dos hormônios da hipófise anterior (adenohipófise).
Figura: Funções metabólicas dos hormônios da hipófise anterior (adenohipófise). ACH,  hormônios corticosteroides da adrenal. Fonte: HALL, JOHN E. Guyton & Hall Tratado De Fisiologia Médica. 13ª Ed. Rio De Janeiro, Ed. Elsevier, 2017. 

 

Como podemos perceber, quase todos os principais hormônios da adenohipófise, com exceção do hormônio do crescimento (GH), exercem seus efeitos principalmente por meio do estímulo de glândulas-alvo, incluindo a as glândulas mamárias, a glândula tireoide, o córtex adrenal, os ovários e os testículos, e serão discutidos com as das respectivas glândulas-alvo.

 

Controle da secreção pela adenohipófise  

 

A secreção dos hormônios da adenohipófise é regulada de duas formas. Na primeira, células neurossecretoras no hipotálamo produzem cinco hormônios de liberação que estimulam a secreção dos hormônios da adenohipófise e dois hormônios inibidores que suprimem a secreção dos hormônios da adenohipófise. 

 

Hormônios da adenohipófise e sua regulação pelos hormônios hipotalâmicos.
Fonte: TORTORA, G.J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2010.

 

Controle da secreção pela adenohipófise.
Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002.

 

A segunda forma de regulação consiste na retroalimentação negativa (feedback negativo) pelos hormônios liberados pelas glândulas-alvo. Nessas alças de retroalimentação negativa, a atividade secretora dos tireotrofos, corticotrofos e gonadotrofos diminui quando as concentrações sanguíneas dos hormônios de suas glândulas-alvo aumentam. Por exemplo, o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar glicocorticoides, especialmente cortisol. Por sua vez, um aumento na concentração sanguínea de cortisol diminui a secreção tanto de ACTH quanto de hormônio liberador de corticotropina (CRH), suprimindo a atividade da adenohipófise e das células neurossecretoras hipotalâmicas. 

 

Hipófise intermédia

 

Alguns corticotrofos, resquícios da parte intermédia, produzem o hormônio estimulante dos melanócitos (α-MSH) também conhecido como hormônio melanotrópico (melanotrófico) ou melanotropina (melanotrofina), que desempenha um papel importante na regulação da melanogênese (síntese de melanina pelos melanócitos) e pigmentação. 

Esse hormônio faz parte do sistema das melanocortinas, que consiste de peptídeos de várias formas de MSH (alfa, beta e gama) e também o ACTH, produzidos pela clivagem proteolítica da pró-opiomelanocortina (POMC), principalmente na parte intermédia da hipófise. A POMC também é expressa no SNC (hipotálamo e tronco cerebral) e em vários tecidos periféricos, incluindo útero, gônadas, tireoide, pâncreas, suprarrenais, trato gastrointestinal, pulmões, baço, sistema imunológico, pele (queratinócitos e melanócitos) e placenta. Entretanto, os produtos peptídicos gerados a partir do processamento da POMC variam em função do tecido. 

A secreção de todas as melanocortinas é estimulada pelo hormônio liberador de corticotropina (CRH) e o sistema das melanocortinas, além do papel na regulação da melanogênese e pigmentação, também está envolvido na regulação da ingestão alimentar e do balanço energético pela modulação da resposta hipotalâmica, e na regulação da resposta imunológica.

 

Para maiores informações sobre as melanocortinas, consulte:

- MIOT, L.D.B.; MIOT, H.A.; DA SILVA; M.G.; MARQUES, M.E.A. Fisiopatologia do melasma. An. Bras. Dermatol 2009; 84 (6): 623-635.

- RODRIGUES, A.; ALMEIDA, H.; GOUVEIA, A. Obesidade: O papel das melanocortinas na regulação da homeostasia energética. Rev. Port End Diab Metab 2011; 01:76-86.

- RODRIGUES, A.M.; SUPLICY, H.L.; ROSANA B. RADOMINSKI, R.B. Controle neuroendócrino do peso corporal: implicações na gênese da obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab 2003; 47(4): 398-409.

- SLOMINSKI, A.; WORTSMAN, J.; LUGER, T.; PAUS, R.; SOLOMON, S. Corticotropin releasing hormone and proopiomelanocortin involvement in the cutaneous response to stress. Physiol Rev 2000; 80(3): 979-1020. 

 

Hipófise posterior ou neurohipófise

 

Embora a neurohipófise não sintetize hormônios, ela armazena e libera dois hormônios hipotalâmicos: 

Neurohipófise e hormônios hipotalâmicos.
  • hormônio  antidiurético (ADH), também chamado vasopressina: controla a excreção da água na urina, ajudando, assim, a controlar a quantidade da água nos líquidos corporais (ver Regulação endócrina da reabsorção tubular).
  • ocitocina: auxilia na ejeção de leite pelas glândulas mamárias durante a sucção e desempenha papel de auxílio durante o parto e no final da gestação, intensificando a contração das células musculares lisas na parede do útero.

 

 

A neurohipófise consiste em axônios e terminais axônicos de células neurossecretoras hipotalâmicas. Os corpos celulares das células neurossecretoras encontram-se nos núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo; seus axônios formam o trato hipotálamo-hipofisário. Este trato começa no hipotálamo e termina próximo aos capilares sanguíneos na neurohipófise.

O núcleo supraóptico produz o ADH e o núcleo paraventricular sintetiza o hormônio ocitocina. Os terminais axônicos na neurohipófise estão associados a células especializadas da neuróglia chamadas de pituitócitos. Estas células têm uma função de sustentação semelhante àquela dos astrócitos. 

Após serem produzidos nos corpos celulares das células neurossecretoras, a ocitocina e o ADH são empacotados em vesículas secretoras que se movem por transporte axônico rápido para os terminais axônicos na neurohipófise, na qual são armazenados até que impulsos nervosos desencadeiem a exocitose e a liberação do hormônio.

 

 

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