Eletrocardiograma (ECG)
O trabalho cardíaco produz sinais elétricos que passam para os tecidos vizinhos e chegam à pele. Assim, com a colocação de eletrodos no peito, podemos gravar as variações de ondas elétricas emitidas pelas contrações do coração. O registro dessas ondas pode ser feito numa tira de papel ou num monitor e é chamado de eletrocardiograma (ECG).
No coração normal, um ciclo cardíaco completo é representado por onda P, complexo QRS e onda T, com duração total de alguns segundos.
A primeira, a pequena onda P, dura apenas 0,08 s e resulta do movimento da onda de despolarização a partir do nó SA ao longo dos átrios. Aproximadamente 0,1 s após o início da onda P, os átrios contraem.
O grande complexo QRS resulta da despolarização ventricular e precede a contração ventricular, sendo a onda Q correspondente à despolarização do septo interventricular; a onda R produzida pela despolarização da massa principal dos ventrículos; e a onda S, representando a última fase da despolarização ventricular na base do coração. A duração média do complexo QRS é 0,08 s.
A onda T é causada pela repolarização ventricular e dura tipicamente 0,16 s. A repolarização é mais lenta do que a despolarização; assim, a onda T é mais alargada e tem uma amplitude (altura) menor do que a do complexo QRS. Uma vez que a repolarização atrial acontece durante o período de excitação ventricular, a onda que representa a repolarização atrial é normalmente ocultada pelo grande complexo QRS que é registrado ao mesmo tempo.
O ECG é registrado a uma velocidade de 25 mm/s (5 quadrados grandes) e as tensões são calibradas de modo que 1 mV = 10 mm (2 quadrados grandes) na direção vertical. Portanto, cada pequeno quadrado de 1 mm representa 0,04 seg (40 ms) no tempo e 0,10 mV na tensão. Como a velocidade de gravação é padronizada, pode-se calcular a frequência cardíaca a partir dos intervalos entre as diferentes ondas, como no exemplo a seguir (2º vestibular UnB/DF 2001).
2° vestibular UnB/DF 2001 - A figura I abaixo mostra o eletrocardiograma de um indivíduo normal, com frequência cardíaca constante, em batimentos por minuto. Esse exame é obtido por intermédio de um equipamento que mede a diferença de potencial entre dois eletrodos colocados nos membros superiores do indivíduo, durante um determinado intervalo de tempo. Analisando-se o traçado do eletrocardiograma, podem ser observadas as características de condução elétrica no coração do indivíduo, com o objetivo de se diagnosticarem patologias. A figura II mostra um detalhe do eletrocardiograma, destacando as ondas associadas a apenas um único batimento cardíaco.
A figura II representa, em outras palavras, um ciclo cardíaco. Se o tempo estimado em cada quadrante é de 0,2 segundos (mostrado na figura I) e um ciclo compreende 5 quadrantes, em 60 segundos (1 minuto), teremos a frequência de 60 ciclos ou batimentos por minuto (0,2 segundos x 5 = 1 segundo = 1 ciclo; em 60 segundos teremos 60 ciclos).
Animação: O sistema de condução do coração
Muitas alterações cardíacas determinam uma modificação da onda eletrocardiográfica normal, de modo que o eletrocardiograma representa um precioso meio de diagnóstico. Assim, alterações no padrão do ECG podem revelar uma doença ou um coração danificado ou problemas com o sistema de condução do coração. Por exemplo, uma onda R aumentada sugere ventrículos aumentados, um segmento S-T elevado ou deprimido indica isquemia cardíaca e um intervalo Q-T prolongado revela uma anormalidade na repolarização que aumenta o risco de arritmias ventriculares.
Pressão arterial (PA)
Quando o sangue é bombeado pelos ventrículos e penetra nas artérias, elas se relaxam e se dilatam, o que diminui a pressão sanguínea. Caso as artérias não se relaxem o suficiente, a pressão do sangue em seu interior sobe, com risco de ruptura das paredes arteriais. Assim, a cada sístole ventricular é gerada uma onda de relaxamento que se propaga pelas artérias, desde o coração até as extremidades das arteríolas. Durante a diástole ventricular, a pressão sanguínea diminui. Ocorre, então, contração das artérias, o que mantém o sangue circulando até a próxima sístole.
Pressão arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias. Em um adulto com boa saúde, a pressão nas artérias durante a sístole ventricular – pressão arterial sistólica (PAS) ou máxima – é da ordem de 120 mmHg (milímetros de mercúrio) ou 12 cmHg (12 centímetros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão diminui, ficando em torno de 80 mmHg (ou 8 cmHg); essa é a pressão arterial diastólica (PAD) ou mínima.
Verificação da PA com esfigmomanômetro e estetoscópio:
a) A pressão na bolsa de ar maior que 120 mmHg interrompe o fluxo sanguíneo para o braço. Com o estetoscópio, o examinador verifica que não há passagem de sangue pela artéria.
(b) A pressão na bolsa de ar entre 80 e 120 mmHg permite o fluxo de sangue durante a sístole. O som da passagem de sangue é audível no estetoscópio. A pressão mostrada nesse momento é a pressão máxima ou sistólica.
(c) A pressão na bolsa de ar menor que 80 mmHg permite fluxo de sangue durante a diástole; os sons são audíveis no estetoscópio. Essa é a pressão mínima ou diastólica.
OBS.:
Observe dois pontos importantes: (1) o fluxo de sangue através do coração é controlado inteiramente pelas mudanças de pressão e (2) o sangue flui a favor de um gradiente de pressão através de qualquer abertura disponível. As mudanças de pressão, por sua vez, refletem a alternância de contração e relaxamento do miocárdio e produzem a abertura das valvas cardíacas, as quais mantêm o sangue fluindo para a frente.
A situação no lado direito do coração é essencialmente a mesma que no lado esquerdo, exceto pela pressão. A circulação pulmonar é uma circulação de baixa pressão, como evidenciado pelo miocárdio muito mais fino no ventrículo direito. Portanto, as pressões sistólica e diastólica típicas para a artéria pulmonar são 24 e 8 mmHg, enquanto as pressões sistêmicas aórticas são de 120 e 80 mmHg, respectivamente. Contudo, os dois lados do coração ejetam o mesmo volume de sangue a cada batimento.
Para pessoas com mais de 18 anos, conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, a PA é considerada normal se a pressão sistólica for menor que 130 mmHg (ou 13 cmHg) e a pressão diastólica for menor que 85 mmHg (ou 8,5 cmHg). Entretanto, há uma tendência à redução desses níveis, sendo considerados ótimos os níveis de pressão sistólica menor que 120 mmHg (12 cmHg) e de pressão diastólica menor que 80 mmHg (8 cmHg), principalmente em indivíduos com outros fatores de risco cardiovasculares.
Classificação | Pressão sistólica (mmHg) | Pressão diastólica (mmHg) |
Ótima | < 120 | < 80 |
Normal | < 130 | < 85 |
Limítrofe | 130-139 | 85-89 |
Hipertensão arterial |
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Estágio 1 (leve) | 140-159 | 90-99 |
Estágio 2 (moderada) | 160-179 | 100-109 |
Estágio 3 (grave) | ≥ 180 | ≥ 110 |
Sistólica isolada | ≥ 140 | < 90 |
OBS.: Hipertensão arterial (HA) é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou ≥ 90 mmHg. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM). Atualmente, há outra classificação para os níveis de PA, apresentada no tópico Doenças cardiovasculares. De acordo com a nova diretriz, a classificação de PA limítrofe também muda (para pré-hipertensão). A pressão normal ótima continua sendo a que registra números abaixo de 120 mmHg x 80 mmHg, e a faixa entre 120 e 129 mmHg e 80 e 84 mmHg, considerada normal, mas não ótima e devendo ser acompanhada, também muda com a nova diretriz.
Pulso ou pulsação
O ciclo de expansão e relaxamento arterial, conhecido como pulso ou pulsação, pode ser percebido facilmente na artéria radial do pulso (pulso radial) ou na artéria carótida do pescoço (pulso carotídeo). Assim, a pulsação corresponde às variações de pressão sanguínea nas artérias durante os batimentos cardíacos.
Para maiores informações, consulte:
- SEMIOLOGIA MÉDICA DA UFOP. Frequência de Pulso.
Retorno Venoso
Como visto anteriormente (vasos sanguíneos), as artérias apresentam musculatura lisa muito desenvolvida, capaz de suportar a pressão exercida pelo sangue que sai do coração. Já nas veias a musculatura lisa é menos desenvolvida, sendo fundamental a participação da musculatura esquelética na condução do sangue. Nas veias, as válvulas impedem o refluxo do sangue.
Quando os músculos esqueléticos se contraem, comprimem as veias e forçam o sangue em direção ao coração. A válvula inferior se fecha e impede o refluxo do sangue. Quando os músculos esqueléticos relaxam, as veias se expandem e se enchem de sangue que vem da região inferior do corpo. A válvula superior se fecha e impede o refluxo do sangue.