Sistemas Linfático e Imune

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Imunização

 

 

A imunidade pode ser induzida em um indivíduo pela infecção ou pela vacinação (imunidade ativa) ou conferida a um indivíduo pela transferência de anticorpos ou linfócitos de um indivíduo imunizado ativamente (imunidade passiva).

Imunização ativa e passiva.

Um indivíduo exposto aos antígenos de um patógeno desenvolve uma resposta ativa para erradicar a infecção, criando uma resistência a infecções posteriores pelo mesmo microrganismo. Diz-se que tais indivíduos estão imunes àquele microrganismo, em contraste com o indivíduo virgem, que não teve nenhuma exposição prévia aos antígenos daquele patógeno. 

Indivíduos que já tiveram doenças como a caxumba ou a rubéola costumam estar protegidos permanentemente, devido à formação de anticorpos duradouros. Evidentemente que adquirir a imunização através da doença não é o melhor processo. Com essa finalidade são desenvolvidas as vacinas, que deverão ser aplicadas segundo um calendário bem programado. 

As vacinas podem apresentar os microrganismos (vírus ou bactéria) mortos ou vivos e “atenuados” (processos físico-químicos que impedem a manifestação da doença, reduzindo a virulência do agente causador). As pessoas irão recebê-las através de injeção ou por via oral (ex.: vacina Sabin – gotículas contra a poliomielite). Assim, respeitado o calendário que prevê os intervalos de tempo e número de doses adequadas, o nosso organismo desenvolve a imunidade ativa (produção dos próprios anticorpos específicos).

 

Para informações sobre vacinas contra covid-19 aprovadas pela Anvisa, consulte: 

- CoronaVac, AZD1222, Cominarty, Ad26.COV2-S, Sputnik e Covaxin: compare as seis vacinas com aval da Anvisa. Disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2021/06/05/coronavac-azd1222-cominarty-ad26cov2-s-sputnik-e-covaxin-compare-as-seis-vacinas-com-aval-da-anvisa.htm> Acesso em 15/07/2021.

 

Veja também:

- A busca pela vacina brasileira: entenda os imunizantes que estão em estudo.

- Ataques contra as vacinas para covid-19 são notícias assassinas.

- CoronaVac, AZD1222, Cominarty, Ad26.COV2-S, Sputnik e Covaxin: compare as seis vacinas com aval da Anvisa.

- Imunidade também envelhece; veja quais vacinas adultos e idosos devem tomar.

- Vacina ou infecção natural: qual protege mais contra a covid-19?

 

Imunização passiva.

Na imunidade passiva, o indivíduo virgem recebe as células (p. ex., linfócitos, viáveis apenas em animais geneticamente idênticos [congênitos]) ou moléculas (p. ex., anticorpos) de outro indivíduo imune à infecção; o receptor é capaz de combater a infecção durante o tempo de vida limitado dos anticorpos ou células transferidos. Consequentemente, a imunidade passiva é útil para conferir imunidade rapidamente, antes mesmo que o indivíduo seja capaz de desenvolver uma resposta ativa, mas não produz uma resistência duradoura à infecção. Um ótimo exemplo da imunidade passiva é visto nos recém-nascidos, cujo sistema imunológico não está maduro o suficiente para responder a muitos patógenos, mas que estão protegidos contra infecções pelos anticorpos maternos que foram transferidos através da placenta ou pelo leite materno.
Por exemplo, há antígenos como os venenos de serpentes ou de aracnídeos que podem agir muito rapidamente no nosso organismo, causando danos fisiológicos com risco de serem fatais. Para essas situações são indicadas as aplicações de soros específicos, os quais já apresentarão os anticorpos prontos.

Os soros são desenvolvidos da seguinte forma: pequenas doses de veneno (antígenos) são injetadas num animal (cavalo, por exemplo), sem lhe causar dano. Lentamente o animal fica imunizado contra esse tipo específico de veneno, apresentando certa concentração dos anticorpos respectivos na sua corrente sanguínea. Do sangue desse animal é separado o soro (plasma sem a proteína fibrinogênio), onde estarão os anticorpos. Este soro apresentará a propriedade de curar uma pessoa “picada” que tenha recebido o respectivo veneno. A esse processo chamamos de imunização passiva

É importante reconhecer que a mãe grávida (através da circulação placentária), além da alimentação e oxigenação passa ao bebê parte dos anticorpos que ela possui. Isso confere imunidade nos primeiros meses após o nascimento. O mesmo processo ocorre através do leite durante o importantíssimo período de amamentação.  

Podemos concluir então que vacinas promovem imunização ativa, duradoura e preventiva, enquanto soros, imunização passiva, temporária e curativa.

Várias propriedades da imunidade adquirida são cruciais para a eficácia dessas respostas no combate às infecções.

 

Para informações sobre anticorpos/soros contra covid-19, consulte: 

- MINISTÉRIO DA SAÚDE/AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Anvisa aprova o uso emergencial de mais uma associação de anticorpos contra o novo coronavírus. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/anvisa-aprova-o-uso-emergencial-de-mais-uma-associacao-de-anticorpos-contra-o-novo-coronavirus> Acesso em 15/07/2021.

- MINISTÉRIO DA SAÚDE/AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Aprovado uso emergencial de anticorpos para tratamento de Covid-19. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/aprovado-uso-emergencial-de-anticorpos-para-tratamento-de-covid-19> Acesso em 15/07/2021.

- MINISTÉRIO DA SAÚDE/AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Anvisa autoriza pesquisa de soro do Butantan contra Covid. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-pesquisa-de-soro-contra-covid-do-butantan#:~:text=A%20Anvisa%20concedeu%2C%20nesta%20quarta,teste%20do%20soro%20em%20humanos> Acesso em 15/07/2021.

- MINISTÉRIO DA SAÚDE/BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Soro criado por cientistas brasileiros pode ser arma no tratamento da Covid-19. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/soro-criado-por-cientistas-brasileiros-pode-ser-arma-no-tratamento-da-covid-19/> Acesso em 15/07/2021.

 

Veja também:

- Anticorpos monoclonais têm efeito preventivo contra covid, mostra estudo.

 

Propriedades da resposta imune adquirida (adaptativa)

 

 

PropriedadeSignificado Funcional
Especificidade Garante que antígenos distintos evoquem respostas especificas 
DiversidadePermite que o sistema imunológico responda a uma grande variedade de antígenos 
MemóriaLeva a uma resposta aumentada a exposições repetidas aos mesmos antígenos 
Expansão clonal  Eleva o número de linfócitos antígeno-específicos para acompanhar o aumento dos microrganismos 
Especialização ou sensibilizaçãoGera resposta ótima para a defesa contra diferentes tipos de microrganismos 
Autolimitação Permite ao sistema imunológico responder aos antígenos encontrados recentemente
Não-reatividade ao próprioPrevine a injúria do hospedeiro durante resposta a anticorpos estranhos

 

Especificidade 

 

Especificidade das respostas imunes adaptativas.

O sistema imunológico tem o potencial para distinguir entre milhões de antígenos ou parte de antígenos diferentes. A especificidade para tantos antígenos diferentes significa que a coleção total das especificidades dos linfócitos, algumas vezes chamada de repertório dos linfócitos, é incrivelmente diversa. A base dessa especificidade e dessa diversidade extraordinárias deve-se ao fato de que os linfócitos expressam receptores antigênicos distribuídos por clonalidade, ou seja, a população total de linfócitos é formada por diversos clones diferentes (cada clone é formado por uma célula e sua prole), e cada clone expressa um receptor antigênico diferente dos receptores dos outros clones.

A hipótese da seleção clonal, formulada na década de 1950, prevê corretamente que os clones de linfócitos específicos para antígenos diferentes surgem antes do encontro com esses antígenos, e que cada antígeno desencadeia uma resposta imunológica selecionando e ativando os linfócitos de um clone específico. Esta hipótese estabelece que a linhagem germinativa codifica muitos receptores de antígenos diferentes – um para cada determinante antigênico para o qual um indivíduo será capaz de montar uma resposta imune. O antígeno seleciona aqueles clones de células que têm o receptor apropriado. Os quatro princípios básicos da hipótese da seleção clonal são:

  • cada linfócito carrega um único tipo de receptor com uma especificidade única;
  • a interação entre uma molécula estranha e um receptor de linfócito capaz de se ligar a esta molécula com alta afinidade leva à ativação do linfócito;
  • as células efetoras diferenciadas de um linfócito ativado irá carregar receptores de especificidade idêntica àquela da célula parental da qual o linfócito foi derivado;
  • linfócitos carregando receptores para moléculas próprias são deletados nos estágios iniciais do desenvolvimento da célula linfoide e estão portanto ausentes no repertório de linfócitos maduros.

 

A hipótese da seleção clonal é geralmente aceita nos dias atuais como a hipótese correta que explica como o sistema imune adaptativo opera. Ela explica muitas das características da resposta imune: 

  1. a especificidade da resposta;
  2. o sinal necessário para a ativação da resposta (i.e. antígeno);
  3. o período de incubação da resposta imune adaptativa (tempo necessário para ativar as células e para expandir os clones de células);
  4. discriminação do próprio/não próprio.

 

Seleção clonal.
Figura: A seleção clonal. Linfócitos maduros com receptores para muitos antígenos se desenvolvem antes do encontro com esses antígenos. Clone se refere a uma população de linfócitos com receptores de antígenos idênticos e, assim, especificidades; todas estas células são presumivelmente derivadas de uma célula precursora. Cada antígeno (p. ex., X ou Y) seleciona um clone preexistente de linfócitos específicos e estimula a proliferação e a diferenciação daquele clone. O diagrama mostra apenas os linfócitos B dando origem a células efetoras secretoras de anticorpos, mas o mesmo princípio se aplica aos linfócitos T. Os antígenos apresentados são moléculas de superfície dos microrganismos, mas a seleção clonal também se aplica a antígenos solúveis. Fonte: ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J.S. Imunologia celular e molecular. 7ª ed., Rio de Janeiro, Elsevier, 2012.

 

Diversidade 

 

das respostas imunes adaptativas.

O sistema imunológico é capaz de reconhecer milhares de tipos de microrganismos, bastante diferentes uns dos outros e de desencadear contra cada tipo uma resposta adequada.

A diversidade dos linfócitos significa que muito poucas células, provavelmente tão poucas quanto um em 100.000 linfócitos, são específicas para um antígeno. A fim de montar uma defesa efetiva contra microrganismos, essas poucas células têm que proliferar para gerar um grande número de células capazes de combater os microrganismos. A extraordinária efetividade da resposta imune é possível por causa das diversas características da imunidade adaptativa: marcada expansão do conjunto de linfócitos específicos para qualquer antígeno subsequente a exposição para aquele antígeno, alças de retroalimentação positiva que amplificam a resposta imune e mecanismos de seleção que preservam os linfócitos mais úteis. 

 

Memória

 

Memória imunológica.

Uma vez que o sistema imunológico tenha entrado em contato com um agente infeccioso, poderá reconhecer esse agente mesmo depois de várias décadas. Isto porque o sistema imunológico desenvolve respostas mais acentuadas e mais eficazes a exposições repetidas ao mesmo antígeno. A resposta à primeira exposição ao antígeno, chamada de resposta imunológica primária, é mediada pelos linfócitos, chamados de linfócitos virgens (ou naive), que encontram o antígeno pela primeira vez. A denominação linfócito virgem refere-se ao fato de que essas células são "imunologicamente inexperientes", ou seja, nunca encontraram nem responderam a um antígeno. Encontros subsequentes com o mesmo antígeno levam a respostas, chamadas de respostas imunológicas secundárias, que são geralmente mais rápidas, mais acentuadas e mais eficazes na eliminação do antígeno do que as respostas primárias. As respostas secundárias resultam da ativação dos linfócitos de memória, que são células de longa duração criadas durante a resposta imunológica primária. A memória imunológica otimiza a habilidade do sistema imunológico para combater infecções persistentes e recorrentes porque cada encontro com um microrganismo gera mais células de memória e ativa células de memória geradas anteriormente. A memória também é uma das razões pelas quais as vacinas conferem proteção duradoura contra as infecções

 

Respostas imunes primária e secundária.
Figura: Respostas imunológicas primária e secundária. Os antígenos X e Y induzem a produção de diversos anticorpos (especificidade). A resposta secundária ao antígeno X é mais rápida e mais acentuada do que a resposta primária (memória), e é diferente da resposta primária contra o antígeno Y (novamente refletindo a especificidade). Os níveis de anticorpos declinam com o tempo após cada imunização. Fonte: ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; POBER, J.S. Imunologia celular e molecular. 7ª ed., Rio de Janeiro, Elsevier, 2012.

 

Expansão clonal

 

Quando os linfócitos são ativados por antígenos, eles proliferam gerando muitos milhares de células descendentes clonadas, todas com a mesma especificidade antigênica. Esse processo, chamado de expansão clonal, garante que a imunidade adquirida acompanhe a rápida proliferação de microrganismos. 

 

Especialização ou sensibilização

 

Especialização ou sensibilização das respostas imunes adquiridas.

Mesmo diante de pequenas quantidades de antígenos, as respostas imunes são especializadas, e respostas variadas são projetadas para oferecer a melhor defesa possível contra as diversas classes de microrganismos.

 

Autolimitação

 

Todas as respostas imunológicas são autolimitadas e diminuem à medida que a infecção é eliminada, permitindo que o sistema retorne a um estado de repouso e esteja preparado para responder a outra infecção. Esta propriedade também é conhecida como contração e homeostasia.

 

Não-reatividade ao próprio

 

O sistema imunológico é capaz de reagir a um grande número e a uma enorme variedade de patógenos e outros antígenos estranhos, mas não reage contra substâncias potencialmente antigênicas do hospedeiro — também conhecidas como autoantígenos.

 

Fases das respostas imunes adquiridas

 

A resposta imunológica adquirida consiste em fases sequenciais: 

  1. reconhecimento do antígeno por linfócitos específicos;
  2. ativação dos linfócitos;
  3. eliminação do antígeno (fase efetora).

 

A resposta declina à medida que os linfócitos estimulados pelos antígenos morrem por apoptose (morte celular programada), restaurando a homeostasia, e as células antígeno específicas que sobrevivem ficam responsáveis pela memória. A duração de cada fase pode variar nas diferentes respostas imunes. Esses princípios se aplicam à imunidade humoral (mediada pelos linfócitos B) e à imunidade celular (mediada pelos linfócitos T).

 

Curso de uma típica infecção aguda que é eliminada por reação imune adaptativa.
Fonte: MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia De Janeway. 7ª Ed. Porto Alegre, Artmed, 2010.

 

Reconhecimento do antígeno

 

A indução de uma resposta imune adaptativa inicia quando um patógeno é fagocitado por uma célula dendrítica imatura ou outra célula apresentadora de antígeno (APC) no tecido infectado. Estas células fagocíticas especializadas residem na maioria dos tecidos e, quando se tornam ativadas através de seus receptores de reconhecimento de patógenos, por meio do mecanismo denominado processamento de antígenos, fagocitam e digerem parcialmente as proteínas antigênicas, transformando-as em pequenos peptídeos que são ligados às moléculas MHC, tornando-se capazes de ativar os linfócitos T virgens. 

Os microrganismos que entram através do epitélio e seus antígenos proteicos são capturados pelas APCs residentes, e as células ligadas aos antígenos são transportadas para os nódulos linfáticos. Os antígenos proteicos são processados para gerar peptídeos que são expostos na superfície das APCs, ligados às moléculas de MHC. As células T virgens reconhecem esses complexos peptídeos-MHC — é assim que a resposta de célula T é iniciada. Os antígenos proteicos também são reconhecidos pelos linfócitos B nos folículos linfoides de órgãos linfoides periféricos. Os polissacarídeos e outros antígenos não-proteicos são capturados nos órgãos linfoides e reconhecidos pelos linfócitos B, mas não pelas células T. 

 

Ativação dos linfócitos

 

A ativação dos linfócitos requer dois sinais distintos: o primeiro é o antígeno e o segundo, os produtos microbianos ou os componentes das respostas imunes inatas aos microrganismos. Essa ideia constitui a hipótese da dupla sinalização para a ativação do linfócito. A existência do antígeno (sinal 1) assegura que a resposta imune seja específica. A exigência de um estímulo adicional, desencadeado pelos microrganismos ou reações imunes inatas (sinal 2), assegura que as respostas imunes sejam induzidas quando necessárias (isto é, contra microrganismos e outras substâncias nocivas) e não contra substâncias inócuas, incluindo os antígenos próprios.

Ligação antígeno-receptor e estimulação de linfócitos T e B.
Fonte: MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. 7ª ed. Porto Alegre, Artmed, 2010.

 

Como parte da resposta imunológica inata, as células dendríticas que apresentam os antígenos às células T virgens são ativadas para expressar moléculas chamadas de co-estimuladoras e para secretar citocinas, ambos os quais são necessários, junto com o antígeno, para estimular a proliferação e a diferenciação dos linfócitos T. A resposta imunológica inata a alguns microrganismos e polissacarídeos antigênicos também resulta em ativação do complemento, produtos da quebra das proteínas do complemento que aumentam a proliferação e diferenciação dos linfócitos B. Assim, o antígeno (frequentemente referido como "sinal 1") e as moléculas produzidas durante a resposta imunológica inata ("sinal 2") funcionam cooperativamente para ativar os linfócitos específicos para antígenos. O requerimento para o microrganismo disparar o sinal 2 assegura que a resposta imunológica adquirida seja induzida por microrganismos e não por uma substância inofensiva. Os sinais gerados nos linfócitos pela ocupação dos receptores antigênicos e receptores para co-estimuladores leva à transcrição de vários genes, os quais codificam para citocinas, receptores para citocinas, moléculas efetoras e proteínas que controlam o ciclo celular. Todas essas moléculas estão envolvidas nas respostas dos linfócitos.

 

Eliminação do antígeno (fase efetora)

 

Durante a fase efetora das respostas imunes, os linfócitos que foram ativados especificamente por antígenos executam as funções efetoras que induzem a eliminação dos antígenos. Os anticorpos e os linfócitos T eliminam, respectivamente, os microrganismos extracelulares e os intracelulares. Estas funções dos anticorpos e das células T exigem, muitas vezes, a participação de outras células não-efetoras e de mecanismos de defesa que também operam na imunidade inata. Assim, os mesmos mecanismos inatos que proporcionam as linhas de defesa iniciais contra agentes infecciosos podem ser usados pela resposta adquirida subsequente para eliminar microrganismos. De fato, uma função geral importante das respostas imunes adquiridas é a de facilitar os mecanismos efetores da imunidade inata e de focalizar esses mecanismos efetores sobre os tecidos e células que contenham antígenos estranhos.

O diagrama a seguir exemplifica as respostas imunes adquiridas a partir da exposição de amostras do antígeno por macrófagos (uma APC). Parte da progênie dos linfócitos B e T estimulados por antígenos não se diferenciam em células efetoras. Em vez disto, tornam-se linfócitos de memória funcionalmente quiescente, que são capazes de viver por longos períodos, aparentemente na ausência de antígenos. Por isto, a presença de linfócitos poderá ser a única indicação de uma resposta imune ativa e é a característica que define imunidade adquirida.

 

Respostas imunes adquiridas a partir da exposição de amostras do antígeno por macrófagos (uma APC).

 

 

Enxertos e transplantes de órgãos

 

 

Os enxertos de tecidos e transplantes de órgãos podem ser: 

autólogos (autotransplante ou enxerto autólogo), quando o tecido ou órgão é transplantado para o mesmo indivíduo (de um local do corpo para outro do corpo); 

isólogos (isotransplante ou transplante isogênico ou enxerto singênico), quando o transplante provém de um gêmeo idêntico (entre gêmeos monozigóticos); 

homólogos (alotransplante ou transplante alogênico ou enxerto alogênico ou aloenxerto), quando realizados entre indivíduos diferentes, porém da mesma espécie (mais comuns); 

heterólogos (xenotransplante ou enxerto xenogênico ou xenoenxerto), quando realizados entre espécies diferentes. 

Os transplantes autólogos e isólogos são bem-sucedidos, desde que se estabeleça uma circulação sanguínea eficiente. Nesses casos não há rejeição, pois as células transplantadas são geneticamente semelhantes às do receptor e apresentam os mesmos MHC em suas superfícies. O organismo reconhece as células transferidas como sendo iguais às suas (mesmos MHC) e, portanto, não desenvolve uma resposta imune. 

Os transplantes homólogos e heterólogos, por sua vez, contêm células cujas membranas contêm MHC que diferem entre os indivíduos, ou seja, que é estranho ao hospedeiro, sendo reconhecidas e tratadas como tais. Os aloantígenos provocam tanto respostas imunológicas celulares quanto humorais. A rejeição dos transplantes mediada por células T deve-se principalmente à atividade das células NK e citotóxicos, que penetram o transplante e destroem suas células. Já nos xenoenxertos, a razão para a alta incidência de rejeição hiperaguda é que os indivíduos contêm anticorpos que reagem com células de outras espécies. 

 


OBS.:

As moléculas que são reconhecidas como estranhas em enxertos são chamadas de aloantígenos e aquelas nos xenoenxertos são chamadas xenoantígenos. Os linfócitos e anticorpos que reagem com os aloantígenos ou xenoantígenos são descritos como sendo ou alorreativos ou xenorreativos, respectivamente.


 

Tipos de transplantes.
Figura: Classificação dos transplantes pela relação genética entre doador e receptor. Fonte: BORGES-OSÓRIO, M.R.; ROBINSON, W.M. Genética Humana. 3ª Ed. Porto Alegre, Ed. Artmed, 2013.

 

Para maiores informações, consulte:

- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS (ABTO). Diretrizes Básicas para Captação e Retirada de Múltiplos Órgão e Tecidos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. São Paulo, ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, 2009.  Disponível em: <http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/pdf/livro.pdf> Acesso em 11/11/2021.

- CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (CREMERS). Morte encefálica e doação de órgãos. Porto Alegre: CREMERS, 2018. Disponível em: <https://cremers.org.br/conteudos/livros_e_cartilhas/morte_encefalica.pdf> Acesso em 11/11/2021.

- FARIA, B.A.; SILVA, S.M.; ABREU, M.T.C.L.; NAPIMOGA, M.H. Ação dos linfócitos T regulatórios em transplantes. Rev Bras Hematol Hemoter 2008; 30(4): 309-315.

- LASMAR, E.P. Recentes avanços em transplantes. Rev Med Minas Gerais 2003; 13(2): 128-132.

 

 

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