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Limite entre epiderme e derme

 

 

Limite entre derme e epiderme.
Fonte: TORTORA, G.J.; NIELSEN, M.T. Princípios de anatomia humana. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

A junção entre a epiderme e a derme é irregular, principalmente na pele grossa, devido a projeções da epiderme para a derme (cristas epidérmicas) e de projeções da derme para a epiderme (papilas dérmicas), aumentando a coesão entre essas duas camadas e dando maior resistência à pele.

As papilas dérmicas encaixam-se nas cristas epidérmicas complementares para formar uma junção extremamente resistente entre as duas camadas. Essa conexão, semelhante a um quebra-cabeça, reforça a pele contra forças que tentam separar a epiderme da derme.

As superfícies das palmas, dos dedos das mãos, das solas e dos dedos dos pés são marcadas por pregas e sulcos. Eles aparecem como linhas retas ou como um padrão de curvas agudas ou turbilhões, como nas pontas dos dedos. Essas cristas epidérmicas são produzidas durante o terceiro mês de desenvolvimento fetal. Como os ductos das glândulas sudoríferas se abrem nos topos das cristas epidérmicas como poros sudoríparos, o suor e as cristas formam impressões digitais (ou pegadas) quando tocam um objeto liso. 

Dermatóglifos.

OBS.:

O padrão da crista epidérmica é em parte geneticamente determinado, mas até mesmo gêmeos idênticos têm padrões diferentes. Normalmente, o padrão da crista não muda durante a vida, exceto pelo aumento, e, portanto, serve como base permanente para identificação. O padrão das cristas epidérmicas que está relacionado com a identificação e a classificação das impressões digitais é chamado de dermatoglifo (ou dermatóglifo).


 

As cristas epidérmicas têm múltiplas funções: 

  1. ampliam a área de superfície da epiderme e, assim, atuam no aumento da capacidade de preensão da mão ou do pé, intensificando o atrito;
  2. o padrão de interdigitação entre as cristas epidérmicas e as papilas dérmicas cria uma ligação mais forte entre a epiderme e a derme, nas regiões de estresse mecânico intenso;
  3. ampliam extremamente a área de superfície, o que aumenta o número de corpúsculos táteis, e, assim, intensificam a sensibilidade tátil.

 

 

Derme

 

 

Derme.

A segunda parte e mais profunda da pele é a derme, composta de um tecido conjuntivo denso não modelado resistente, que contém fibras elásticas e colágenas. Também contém vasos sanguíneos, terminações nervosas, órgãos sensoriais e glândulas (de origem epidérmica). É muito mais espessa do que a epiderme, e essa espessura varia de região para região do corpo, atingindo seu máximo nas palmas das mãos e solas dos pés. 

A derme também possui maior resistência à tração do que a epiderme e a capacidade de se distender e encolher facilmente. Por ser vascularizada, um corte na pele envolvendo a derme provoca sangramento. 

Como é típico dos tecidos conjuntivos em geral, as células encontradas na derme incluem:

  • células fixas,
  • células migratórias.

 

As células fixas predominantes e também as mais abundantes na derme são fibroblastos, responsáveis pela produção de fibras e de uma substância gelatinosa, a substância amorfa, na qual os elementos dérmicos estão mergulhados. As células migratórias incluem macrófagos, mastócitos, eosinófilos, neutrófilos e células dendríticas intersticiais dérmicas (células de imunovigilância).

 

Camadas ou regiões da derme

 

Camadas ou regiões da derme.
Fonte: TORTORA, G.J.; NIELSEN, M.T. Princípios de anatomia humana. 12ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013.

A derme é constituída por duas camadas ou regiões, de limites pouco distintos: papilar, superficial,  e a reticular, mais profunda. 

Ambas as camadas da derme contêm redes horizontais densas de vasos sanguíneos pequenos. 

 

Camada ou região papilar

 

A camada ou região papilar, superficial, consiste em fibras elásticas e colágenas finas. Sua área de superfície é extremamente aumentada pelas papilas dérmicas, que aumentam em muito o contato de superfície com a epiderme. 

As papilas dérmicas variam muito de tamanho e número em diferentes partes da derme. Na pele fina, as papilas dérmicas são relativamente poucas, pequenas e irregularmente dispersas. Já na pele grossa, as papilas são relativamente numerosas, altas, e dispostas em fileiras padronizadas. 

Todas as papilas dérmicas contêm alças capilares. Algumas contêm receptores táteis encapsulados (terminações nervosas encapsuladas), chamados corpúsculos de Meissner (corpúsculos táteis). Como seu nome indica, corpúsculos táteis são terminações nervosas sensitivas que detectam o tato. Outras papilas dérmicas ainda contêm terminações nervosas livres, que são ramificações de fibras nervosas amielínicas aferentes (sensoriais ou sensitivas). Funcionam como receptores de temperatura e de dor (iniciam sinais que produzem sensações de calor, frio, dor, cócegas e prurido).

 

Camada ou região reticular

 

A camada ou região reticular, mais profunda e fixada à tela subcutânea, consiste em feixes de fibras colágenas espessas, fibroblastos dispersos, diversas células migratórias (como os macrófagos) e algumas fibras elásticas espessas. 

As fibras colágenas na região reticular estão dispostas em forma de malha e em uma formação mais regular do que na região papilar. A orientação mais regular das grandes fibras colágenas alinha-se com as forças de tração locais em virtude da tensão natural resultante das projeções ósseas, orientações dos músculos e movimentos nas articulações, formando as linhas de tensão ou de clivagem, para ajudar a pele a resistir ao estiramento. Vasos sanguíneos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríferas ocupam os espaços entre as fibras.

A combinação de fibras elásticas e colágenas nesta região proporciona à pele resistência, extensibilidade, capacidade de estiramento e elasticidade (capacidade de retornar à sua forma original após o estiramento). A extensibilidade da pele pode ser prontamente observada na gravidez e na obesidade.

 

 

Tela subcutânea

 

 

Tela subcutânea.

A tela subcutânea, que está abaixo da derme, também é referida como hipoderme. Essa camada de tecido conjuntivo, que não é parte da pele, difere de região para região no corpo. Em algumas áreas é uma camada fina consistindo em tecido conjuntivo frouxo, chamado tecido areolar, enquanto em outras regiões ela é uma camada resistente espessa de faixas fibrosas de colágeno, acompanhada por tecido adiposo.

As fibras que se estendem a partir da derme ancoram a pele à tela subcutânea, que, por sua vez, se fixa à fáscia subjacente, o tecido conjuntivo que circunda os ossos e músculos. 

A tela subcutânea armazena gordura (panículo adiposo) e contém vasos sanguíneos calibrosos que irrigam e drenam os capilares da pele. A quantidade de gordura depositada nas regiões subcutâneas de tecido adiposo varia enormemente entre indivíduos diferentes. Uma pessoa magra pode ter uma camada muito fina, com depósitos mínimos de gordura, enquanto um indivíduo obeso pode ter uma camada de gordura de aproximadamente 10 a 15 cm de espessura. 

Como em outras áreas da derme, a tela subcutânea também contém terminações nervosas encapsuladas, chamadas corpúsculos de Pacini, que são sensíveis à pressão.

A tela subcutânea desempenha múltiplas funções. Ela atua como um tecido frouxo que une as camadas superiores da pele às estruturas mais profundas, enquanto simultaneamente permite à pele mover-se livremente sobre essas estruturas mais profundas. Em determinadas regiões, como na pele grossa da palma das mãos e sola dos pés, a tela subcutânea forma coxins adiposos resistentes, compostos de faixas fibrosas de colágeno e tecido adiposo que absorvem choque e protegem o osso e o músculo subjacentes. A tela subcutânea também é o principal local de armazenamento de energia no corpo. O tecido adiposo é um tecido metabólico ativo, com numerosas terminações nervosas e redes vasculares abundantes que ajudam a regular e mobilizar a energia armazenada. Finalmente, a tela subcutânea atua como isolante térmico, ajudando a retardar a perda de calor do corpo.

Resumidamente, as três funções básicas da tela subcutânea são: 

  1. reserva energética,
  2. proteção contra choques mecânicos,
  3. isolamento térmico.

 

Além dessas funções básicas, o tecido adiposo também produz leptina, hormônio que inibe o apetite e estimula a termogênese, atuando na regulação endócrina do balanço energético.

 

Para maiores informações sobre leptina, consulte:

- FONSECA-ALANIZ, M.H.; TAKADA, J.; ALONSO-VALE, M.I.C.; LIMA, F.B. O Tecido Adiposo Como Centro Regulador do Metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab 2006; 50(2): 216-229.

- ROMERO, C.E.M.; ZANESCO, A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Rev Nutr (Campinas) 2006; 19(1):85-91.

 

Comparação da pele (epiderme derme) e da tela subcutânea

ParteEstruturaFunção
EpidermePorção superficial da pele; epitélio escamoso estratificado; composta por 4 ou 5 estratosPrevine a perda de água e a entrada de agentes químicos e microrganismos; protege contra a abrasão e os efeitos danosos da radiação ultravioleta; produz vitamina D; dá origem aos pelos, às unhas e às glândulas
Estrato córneoEstrato mais superficial da epiderme; 25 ou mais camadas de células escamosas mortasFornece resistência estrutural devido à queratina presente nas células; previne a perda de água devido aos lipídeos que envolvem as células; a descamação das células mais resiste ao atrito
Estrato lúcido3 a 5 camadas de células mortas; parece transparente; presente na pele grossa, ausente na maioria da pele finaDispersa querato-hialina ao redor das fibras de queratina
Estrato granulosoDuas a cinco camadas de células poligonais achatadasProduz grânulos de querato-hialina; corpos lamelares liberam lipídeos das células; células morrem
Estrato espinhosoUm total de 8 a 10 camadas de células multifacetadasProduz fibras de queratina; corpos lamelares formam-se dentro dos queratinócitos
Estrato basalEstrato mais profundo da epiderme; camada única de células cuboides ou colunares; membrana basal da epiderme fixa-se na dermeProduz células da maioria dos estratos superficiais; os melanócitos produzem e fornecem melanina, que protege a contra a radiação ultravioleta
DermePorção mais profunda da tecido conjuntivo composto por duas camadasResponsável pela resistência estrutural e flexibilidade da pele; a epiderme troca gases, nutrientes e resíduos com os vasos sanguíneos na derme
Camada papilarProjeta papilas em direção à epiderme; tecido conjuntivo frouxoAproxima os vasos sanguíneos da epiderme; papilas dérmicas formam impressões digitais e pegadas
Camada reticularRede de fibras elásticas e colágenas; tecido conjuntivo irregular densoÉ a principal camada fibrosa da derme; resistente em muitas direções; forma linhas de tensão (ou de clivagem)
Tela subcutâneaNão faz parte da pele; tecido conjuntivo frouxo com depósitos abundantes de tecido adiposoFixa a derme às estruturas subjacentes; o tecido adiposo oferece armazenamento de energia, isolamento e enchimento; vasos sanguíneos e nervos do tecido subcutâneo suprem a derme

 

 

Irrigação sanguínea da pele

 

 

Embora a epiderme seja avascular, a derme é bem irrigada. As artérias que irrigam a derme são, em geral, derivadas de ramos das artérias que irrigam os músculos esqueléticos em uma região específica, mas algumas são artérias que irrigam a pele diretamente.

Nutrientes e oxigênio difundem-se para a epiderme avascular a partir dos vasos sanguíneos presentes nas papilas dérmicas. As células epidérmicas do estrato basal, que estão mais próximas desses vasos sanguíneos, recebem a maior parte dos nutrientes e do oxigênio. Essas células são as mais metabolicamente ativas e sofrem continuamente divisão celular para produzir novos queratinócitos. A medida que os novos queratinócitos são afastados da irrigação sanguínea pela continuação da divisão celular, os estratos epidérmicos acima do estrato basal recebem muito menos nutrientes e as células tornam-se menos ativas e, finalmente, morrem.

Os vasos arteriais que suprem a pele formam dois plexos (rede ou interconexão da vasos sanguíneos arteriais): 

  1. plexo papilar: situado entre as camadas papilar e reticular da derme;
  2. plexo cutâneo: localizado no limite entre a derme e a tela subcutânea.

 

O plexo papilar envia ramos que irrigam as alças capilares nas papilas dérmicas, as glândulas sebáceas e a parte superficial dos folículos pilosos. O plexo cutâneo envia ramos que irrigam as glândulas sebáceas e sudoríferas, as partes profundas dos folículos pilosos e o tecido adiposo. 

Os plexos arteriais são acompanhados pelos plexos venosos (rede ou interconexão da vasos sanguíneos venosos): que drenam o sangue da derme para veias subcutâneas maiores. Cada papila tem uma única alça vascular, com um ramo arterial ascendente e um venoso descendente.

 

 

Sistema de vasos linfáticos da pele

 

 

O sistema de  vasos linfáticos inicia-se nas papilas dérmicas como capilares em fundo cego, que convergem para um plexo entre as camadas papilar e reticular. Desse plexo partem ramos para o plexo cutâneo; portanto, na mesma localização dos vasos sanguíneos arteriais (plexos arteriais) descritos anteriormente.

 

Veja também: 

- Lipedema provoca deformação no corpo e pode ser confundida com obesidade.

 

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